flickr.com / Sascha Kohlmann Os efeitos do El Niño são bastante conhecidos nas regiões sul, norte e nordeste, mas no sudeste e no centro-oeste eles são difíceis de serem previstos.

Historicamente, os verões brasileiros já se caracterizam por chuvas no sudeste e, com a chegada do El Niño, essas chuvas ficarão ainda mais acentuadas. O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) deixa o alerta e divulga estudo inédito para a região sudeste.

O Grupo de Eletricidade Atmosférica (ELAT), que faz parte do INPE, divulgou um estudo sobre o impacto do El Niño na ocorrência de tempestades no sudeste, uma região que ainda não possuía uma pesquisa direcionada sobre os reflexos desse fenômeno em seu clima.

Foram analisadas as tempestades de verão que ocorreram desde 1950 até os dias de hoje e os fenômenos que interferem nos climas dessas regiões. Ficou comprovado que quando o El Niño se manifesta de maneira fraca, moderada ou forte, a tendência é que o aumento das tempestades ocorra apenas na região sul do país. Quando ele é de intensidade muito forte, como o que está ocorrendo este ano, ele acaba por abranger as regiões sudeste e parte da centro-oeste.

O El Niño deste ano vem com a tendência de ser o terceiro mais forte desde 1950, perdendo apenas para os de 1983 e 1998. Se no sul ele causa muitas chuvas, no norte e nordeste ele se manifesta com secas. Nessas regiões haverá diminuição de 10% e 15%, respectivamente, de tempestades com relação ao ano passado. No sudeste o aumento de chuvas será de 20%, assim como no sul. No centro-oeste elas aumentarão cerca de 10%.

O aumento das tempestades contribui também para os aumentos de raios. No sudeste, nos últimos três meses, foram registradas 480 mil descargas elétricas atingindo o solo, contra 310 mil descargas no mesmo período de 2014, um aumento de 52%.

O coordenador do ELAT, Dr. Osmar Pinto Junior, explicou ao site do INPE que a população precisa ser alertada sobre os riscos das descargas elétricas que todo ano causam mortes, principalmente no campo. Os dados da pesquisa também são importantes para a prevenção de possíveis catástrofes, como alagamentos e deslizamentos de terra, comuns no começo do ano, e reflexos da falta de investimento dos governos em infraestrutura adequada.