O Ibama liberou o abate dos javalis e javaporcos em todo o país. A decisão é uma tentativa de reduzir a proliferação destes animais que não tem predador natural e que em grande número destroem muitas lavouras. A caça controlada pelo Ibama era autorizada somente para os estados de Rio Grande do Sul e Santa Catarina, mas desde fevereiro a medida se estende também aos demais estados brasileiros.
Os javaporcos, espécie nascida do cruzamento de javali com porco doméstico tem hábitos noturnos, só andam em bando e comem frutos da lavoura, como milho, pinhão e feijão em poucos minutos. Em Assis, interior de São Paulo, os agricultores já tomaram medidas legais para a caça destes mamíferos selvagens. De acordo com o Ibama, é preciso protocolar um pedido junto ao órgão para iniciar as atividades.
Desde fevereiro, lavradores do interior do Estado implantam armadilhas e cercas elétricas para caçá-los. O uso de armas, porém, só é permitido com autorização do Exército Brasileiro. O agricultor José Ludwig, de Assis, explica que toma medidas para espantar os animais, faz ronda noturna e solta rojões para dispersá-los, mas afirma que “é uma prática inviável, de custo muito alto”.
Prejuízo
No oeste catarinense, em Ponta Serrada, os agricultores que vivem em torno do Parque das Araucárias estão próximos de cerca de 5 mil javaporcos, segundo José Foresti, presidente do sindicato rural. Foresti ainda calcula que um grupo de javalis devore de 4 a 5 hectares de milho em uma noite.
No sudoeste paulista, produtores reclamam dos ataques às lavouras, principalmente de milho. Centenas de javalis atacaram a plantação de 1,5 mil hectares e gerou um prejuízo de R$ 1 milhão, segundo estimativa do produtor Maurício Dias. Em dez fazendas da região de Itapeva, a quantidade de javalis é calculada em 4 mil espécies.
A coordenadora de fauna silvestre do Ibama, Maria Isabel Gomes, disse que existem 200 mil javalis vivendo em liberdade e que a legislação proíbe a importação e prevê o fechamento dos criadouros. A coordenadora ainda alerta que a prática deve ser controlada. “O abate dos animais sem autorização continua sendo considerado crime ambiental”, disse Maria Isabel Gomes.