dani_vasquez/Creative Commons Plantas.

Embora a comunidade científica já saiba que as plantas podem se comunicar através de meios químicos, um estudo produzido por pesquisadores da Universidade da Austrália Ocidental, e publicado na revista BMC Ecology, revelou que os vegetais têm a capacidade de detectar oscilações nas células de outras ervas aproveitando-se da captação de som. Sendo assim, conforme a tese, a “troca de informações” entre os membros da flora ocorre independentemente de contato físico, sinais de luminosidade ou exposição a substâncias.

O estudo desenvolvido por Monica Gagliano e Michael Renton afirma que “as oscilações nanomecânicas de vários componentes no citoesqueleto podem produzir um espectro de vibrações”, o que permitiria uma comunicação rápida entre os vegetais. “Sugerimos previamente que sinais acústicos podem oferecer tal mecanismo para mediar as relações entre plantas”, argumentam os cientistas da instituição de ensino australiana.

Elaborada na Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, uma pesquisa, publicada na revista Ecology Letters, indica que as plantas interagem por meio de compostos voláteis, ou seja, lançam elementos no ar como forma de alerta às ervas mais próximas sobre a chegada de herbívoros ou pragas. “As plantas são capazes de comportamentos muitíssimo mais sofisticados do que imaginávamos”, garante o biólogo Rick Karban, principal autor da tese.

Segundo a dissertação, as artemísias emitem compostos orgânicos voláteis (VOC, sigla em inglês) e podem se locomover por até 60 centímetros, estendendo-se também por ramificações vizinhas. Além disso, o pesquisador afirma que algumas espécies detectam sinais aéreos ou atraem predadores de herbívoros para evitar a sua degradação. “Elas passaram por uma seleção [processo evolutivo] em que tiveram de lidar com os mesmos desafios que os animais e desenvolveram capacidades semelhantes às de alguns deles”, argumenta Karban.

Deste modo, estudos como estes confirmam as palavras de Charles Darwin, naturalista britânico, que, em 1880, foi pioneiro a escrever que as extremidades das raízes vegetais “agem como o cérebro de animais inferiores”. Um exemplo de “captação de dados” é dado pelo caso das sementes de pimenta, que se desenvolvem mais quando estão próximas do manjericão, enquanto a presença de erva-doce inibe a germinação dos espécimes da flora.

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