iStockphoto.com / Lucezn A pesquisa desafia as conclusões de outros estudos que dizem que a Antártida está perdendo gelo devido o aquecimento global.

Desde o começo das discussões sobre aquecimento global, a Antártida sempre foi apontada como a principal vítima do efeito estufa que eleva a temperatura média da Terra. O motivo é simples, afinal, estamos falando de um território coberto de gelo e que pode alterar a vida no planeta se, de fato, ocorrer o derretimento de toda a sua área. Segundo estudos recentes, a temperatura média do mundo está aumentando gradativamente, porém um relatório da NASA apontou outra visão: a neve da Antártida aumentou nos últimos anos. É possível?

Para a Agência Espacial Americana, a camada de neve na região aumentou nos últimos anos e já conseguiu compensar as perdas provocadas pelo aquecimento global. Dados enviados por satélites da NASA apontam que a camada de gelo na Antártida teve um ganho líquido de 112 bilhões de toneladas por ano entre 1992 e 2001, tendo diminuído em 82 milhões até 2008, porém ficando com “saldo positivo” no período analisado.

“Estamos essencialmente de acordo com outros estudos que mostram um aumento na descarga de gelo na península Antártida e na região da Antártida Ocidental”, afirmou o glaciologista da NASA Goddard Space Flight Center em Greenbelt, Jay Zwally, que também é autor do estudo publicado em 30 de outubro deste ano.

Como é feita a medição?

iStockphoto.com / Photodynamic Apesar do descongelamento nos últimos anos, o continente não diminuiu de tamanho.

A NASA calcula o ganho ou perda da camada de gelo na Antártida através da análise na altura da superfície terrestre do local. Para tal, os satélites mais modernos da Agência Espacial Americana contam com altímetros de grande precisão. Todavia, Zwally faz um alerta sobre as próximas décadas: “Se as perdas da região de península oeste da Antártida continuarem a aumentar no mesmo ritmo das últimas duas décadas, as perdas vão superar os ganhos nos próximos 20 ou 30 anos. Além disso, não acho que haverá aumento de neve o suficiente para compensar essas perdas”.

Para Zwally, um dos motivos para o ganho de gelo na Antártida é a elevação da umidade na região durante a Era Glacial, o que “duplicou a quantidade de neve que caiu sobre o gelo”.

Além disso, a queda de neve extra que começou 10.000 anos atrás foi acumulando lentamente na camada de gelo, compactando tudo em gelo sólido por milhares de anos. O resultado foi o engrossamento do gelo na Antártida Oriental e no interior da Antártida Ocidental em 1,7 centímetros por ano. Segundo a equipe de Zwally, o ganho de massa do espessamento da Antártida Oriental ficou estável de 1992 a 2008, totalizando 200 bilhões de toneladas por ano. Já as perdas de gelo em outras regiões, como no oeste e na península, aumentaram em 65 milhões de toneladas anualmente.

“A boa notícia é que a Antártida não contribui para a elevação do nível do mar, mas está tomando 0,23 milímetros por ano de distância. Entretanto, esta é também uma má notícia. Se os 0.27 milímetros por ano de aumento do nível do mar atribuído à Antártida no relatório do IPCC não é realmente próximos da Antártida, portanto, deve haver alguma outra contribuição para a elevação do nível do mar que não é contabilizada”, complementou Zwally.

Para Ben Smith, glaciologista da Universidade de Washington, em Seattle, o estudo divulgado pela NASA aponta como é difícil realizar estas medições com precisão. “Fazer altimetria com precisão para áreas muito grandes é extraordinariamente difícil e há medidas de acúmulo de neve que precisam ser feitas de forma independente para entender o que está acontecendo nesses lugares”, disse Smith.

Análises mais precisas no futuro

A NASA também divulgou que está trabalhando para o lançamento, em 2018, das missões ICESat e ICESat-2 de análise sobre as mudanças na Antártida. “O ICESat-2 irá medir as mudanças na camada de gelo dentro da espessura de um lápis, o que vai contribuir para resolver o problema do balanço de massa da Antártida, fornecendo um registro de longo prazo de mudanças de altitude”, complementou Tom Neumann, glaciologista Goddard e vice-cientista do projeto para ICESat-2.