Com base nas informações da Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas, produzida pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, sigla em inglês), foi divulgado na revista Science, publicação norte-americana, um estudo indicando as “Áreas Protegidas Mais Insubstituíveis do Mundo”. Ao todo, foram consideradas 78 localidades, em 137 espaços de preservação, espalhadas por 34 países, e quatro destes pontos estão Brasil.

Para executar a formulação da tabela, cientistas de instituições internacionais trabalharam em conjunto, analisando cada uma das mais de 173 mil áreas de conservação ambiental do planeta e aproximadamente 21,5 mil espécies. Para justificar a escolha, os pesquisadores indicam que, juntos, os 78 espaços apontados pelo estudo abrigam 627 espécies de pássaros, mamíferos e anfíbios e, deste total, 304 tipos de animais correm perigo real de extinção.

Entre as 10 primeiras áreas mais imprescindíveis, constam no levantamento (irreplaceability index, título original em inglês) o Alto Rio Negro (Amazonas), o Vale do Javari (Amazonas), a Serra do Mar (São Paulo, Santa Catarina, Paraná e Rio de Janeiro) e a Serra da Mantiqueira (São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro). Além disso, a lista ainda conta com três localidades na Austrália, duas pertencentes à Bolívia e um local em Camarões.

Confira a lista das 10 áreas mais insubstituíveis do mundo:

Parque Nacional Kakadu

Com aproximadamente 20 mil km² de área, o Parque Nacional de Kakadu é reconhecido por abranger grande diversidade ecológica e biológica. Integrado à Convenção do Patrimônio Mundial, da Organização das Nações Unidas para a Ciência e a Cultura (UNESCO), desde 1981, o local abriga mais de 2 mil tipos de plantas, 280 espécies de aves, 117 classes de répteis e 57 castas de peixes de água doce.

Parque Nacional Kakadu
Foto: 54991241@N05

Shark Bay

Também considerado como um Patrimônio Mundial, em 1991, a baía pertencente ao território australiano e possui área de aproximadamente 23 mil km² e cerca mil habitantes, somente. A Shark Bay é lar de 26 espécies de mamíferos sob ameaça de extinção, 230 variações de aves, 150 tipos de répteis, 323 classes de peixes e, além disso, é ponto de parada migratória de baleias Jubarte.

Shark Bay
Foto: robertpaulyoung

Trópicos Úmidos de Queensland

Frequentemente visitada por turistas, a região dos Trópicos Úmidos de Queensland, na Austrália, conta com grande biodiversidade, cachoeiras, montanhas, praias e as florestas tropicais mais antigas do mundo. Incluída à lista da UNESCO, as imediações do local abrangem cerca de 100 parques nacionais e algo em torno de 200 espécies de pássaros.

Trópicos Úmidos de Queensland
Foto: unesco

Apolobamba

Situada na Bolívia, a região das cordilheiras de Apolobamba, próxima aos Andes, foi pouco explorada pela humanidade, contando com pequenos vilarejos, grande variedade de espécies de aves e lhamas, vizcachas (pequenos roedores parecidos com coelhos) e cavalos selvagens.

Apolobamba
Foto: wikipedia

Carrasco

O Parque Nacional de Carrasco, província da Bolívia, também é uma das áreas protegidas mais insubstituíveis do mundo. Com uma superfície de 6.226 km², o território concentra 600 espécies de plantas registradas, tendo 200 tipos de orquídeas, populações de cervos e veados andinos e guácharos (pássaro do petróleo), que colaboram com a manutenção das florestas ao espalhar sementes pelo chão.

Parque Nacional de Carrasco
Foto: eldiario

Alto Rio Negro

O Alto Rio Negro, no estado brasileiro do Amazonas, é lar de 23 comunidades de povos indígenas, que somam 28.074 indivíduos, de acordo com o Portal da Saúde, do Governo Federal. Além disso, a área tem registros de 450 espécies de peixes de água doce.

Alto Rio Negro
Foto: moonsafari00

Serra do Mar

Percorrendo as extensões de São Paulo, Santa Catarina, Paraná e Rio de Janeiro, a Serra do Mar possui extensão aproximada de 1.500 km. Na parcela destinada ao os estados paulista, a área do Parque Estadual da Serra do Mar compreende 115 mil hectares e preserva mata atlântica, com reservas e estações ecológicas. O território abriga espécies ameaçadas de extinção, como a orquídea Laelia purpirata, o macaco-prego, o bicho-preguiça e a anta.

Serra do Mar
Foto: anaelisa2

Serra da Mantiqueira

Carinhosamente apelidada de “Himalaia brasileiro”, a cadeia montanhosa da Serra da Mantiqueira, que perpassa os estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, conserva parte da mata atlântica e ainda preserva fauna nativa composta por: veado campeiro, lobo-guará, cachorro-vinagre, jaguatirica, paca, bugio, tucano, ouriço-caixeiro e uma raça canina chamada de “pastor-da-mantiqueira”, formada na região.

Serra da Mantiqueira
Foto: fredfoto

Vale do Javari

No estado do Amazonas, o Vale do Javari engloba aproximadamente 85,4 mil km² e concentra grande volume de comunidades indígenas, assim como consideráveis índices de biodiversidade.

Vale do Javari
Foto: Peetsaa, CGIIRC/FUNAI

Monte Camarões

Com algo em torno de 4,1 mil metros, o Monte Camarões é considerado um dos pontos mais altos da África Central e uma das localidades vulcânicas mais ativas do continente. No entanto, apesar do vulcão, a área contém a Reserva da Fauna de Dja, considerada um Patrimônio Mundial desde 1987, local onde moram 107 espécies de mamíferos, estando cinco delas em situação de risco de extinção.

Monte Camarões
Foto: wikipedia