Moacyr Lopes Junior/Folhapress A água de reúso diminuiria a dependência dos reservatórios para o abastecimento.

Em tempos de crise hídrica no Brasil, soluções para reaproveitamento da água são sempre bem-vindas. A água de reúso, por exemplo, poderia ser reaproveitada para abastecimento de milhares de brasileiros. Estudos apontam que seria impossível fornecer água limpa de reúso para mais de 3,5 milhões de pessoas. E as vantagens não param por aí.

A água de reúso ainda teria um outro papel fundamental em grandes cidades como São Paulo: a despoluição dos rios. Neste caso, o abastecimento ocorreria através da captação da água de esgoto, que normalmente vai para os rios que cortam a cidade, e passaria para imediato tratamento. Esta alternativa também garantiria economia de investimentos em saneamento básico e cuidados médicos com pessoas contaminadas pelo consumo de uma água em péssimas condições.

Segundo a empresa responsável pelo abastecimento de água na capital paulista, um projeto adequado de reúso de água teria um valor inicial estimado em R$ 3 bilhões (o Governo de São Paulo havia apresentado projeto de R$3.5 bilhões através de um conjunto de obras). Este projeto seria executado até o fim de 2035.

Reforçando a importância desta medida, o especialista em recursos hídricos Antonio Eduardo Giansante defende que o reúso aumenta a segurança hídrica da região e dá novas opções de abastecimento. Mesmo assim, explica que precisamos de outras alternativas em conjunto, para que o sistema não se torne dependente e vulnerável.

Investimento nas estações de Tratamento de Esgoto

Os investimentos seriam destinados ao tratamento de esgoto nas ETEs do Sistema Alto Tietê (Barueri, Parque Novo Mundo, ABC, São Miguel e Suzano). Com todas as medidas, as estações de tratamento poderiam aumentar sua capacidade de limpeza e reaproveitamento da água de 5,8 m³/s e para 24,8 m³/s.

O estudo prevê que em até dez anos toda a água de esgoto tratada nas ETEs, após os investimentos, estaria disponível para uso das pessoas. O reúso prevê, ainda, a utilização de até 80% de todo o esgoto produzido como forma de evitar o racionamento de água e enfrentar períodos de maior estiagem de chuvas.

Um outro projeto do governo estadual prevê o tratamento de dois mil litros de esgoto por segundo dentro do complexo da represa de Guarapiranga. A ideia, em parceria com a Sabesp, é desafogar um pouco a necessidade de consumo dos paulistanos da principal represa da cidade, a Cantareira.