Existem situações em que empresas mostram-se extremamente conscientes e alinhadas com a luta contra a crueldade com animais. A Amazon, uma das gigantes do comércio eletrônico, mostrou esta faceta ao proibir a venda de foie gras (fígado de pato ou ganso superalimentado de maneira forçada) em seu site britânico. A decisão tomada em outubro de 2013 causou polêmica principalmente na vizinha França, onde o ingrediente é considerado um ícone gastronômico.
Além de todos os itens contendo foie gras, a Amazon baniu a venda de “todos os produtos à base de baleia, golfinhos, tubarão-elefante (incluindo o marfim) ou outros animais ameaçados de extinção”. A decisão foi comemorada por instituições ambientalistas e de proteção aos animais no Reino Unido e ao redor do mundo. Embora não existam registros de vendas em grande quantidade dos itens banidos pelo site da Amazon, a proibição tem uma grande carga simbólica, ajudando na conscientização dos milhares de clientes.
A decisão da empresa foi tomada, em parte, como resposta à pressão feita por uma série de entidades, que pediam que os produtos agora banidos deixassem de ser oferecidos pelo site. Em junho de 2013, a Voz Internacional dos Vegetarianos para os Animais (Viva, na sigla em inglês) tinha apresentado à Amazon um relatório com “as provas do sofrimento ignóbil causado pela produção de foie gras“. A organização também entregou ao site de comércio eletrônico uma petição assinada por 10 mil clientes da empresa, apoiando o pedido.
Enquanto os defensores dos animais comemoravam a decisão da Amazon, representantes oficiais do governo francês demonstravam descontentamento. O Ministro da Agricultura francês, Guillaume Garot, chegou a afirmar que existe na França um esforço para respeitar o bem estar dos animais na produção do foie gras e que o produto gera 30 mil trabalhos diretos e 60 mil trabalhos indiretos.
Os argumentos do ministro francês não foram suficientes, porém, para que a Amazon voltasse atrás em sua decisão. Outros países europeus, como a Itália, já proibiram o foie gras, justamente por reconhecerem a crueldade imposta aos animais em seu processo de produção. No Reino Unido a produção é proibida, mas a importação é não. Já no Brasil o alimento é permitido, mas uma lei em tramitação já aprovada em primeira instância pede sua proibição completa nos restaurantes de São Paulo, capital gastronômica do país.