g1 Remoção do lixo contaminado com césio 137. (Goiânia)

A natureza está em constante transformação. E, em alguns momentos, os seus movimentos são violentos e inesperados, causando danos a longo prazo para comunidades humanas inteiras. Por outro lado, há situações em que são os seres humanos os responsáveis pela destruição e mortandade em ambientes naturais, provocando desequilíbrios que chegam a se perpetuar por décadas. Em ambos os casos, os acidentes ambientais deixam clara a delicada relação da espécie humana com o meio ambiente.

Dentre os acidentes ambientais mais importantes da história do país está a contaminação pelo material radioativo Césio 137. Um dos mais graves casos de exposição à radiação do mundo, o caso ocorreu em Goiânia (GO), em setembro de 1987. Dois catadores de lixo arrobaram um aparelho radiológico nos escombros de um antigo hospital, onde encontraram um pó branco que emitia luminosidade azul quando no escuro. Sem saber o altíssimo teor radioativo do material, os catadores o levaram a outros pontos da cidade.

De mão em mão, o Césio 137 se espalhou e contaminou pessoas, água, solo e ar. A radiação foi descoberta 16 dias após a primeira exposição, levando a um longo e trabalhoso processo de descontaminação. Pelo menos quatro pessoas morreram devido à exposição, e centenas de outras desenvolveram doenças por causa do contato com o Césio 137. Em 1996, a Justiça condenou, por homicídio culposo, três sócios e um funcionário do hospital abandonado a três anos e dois meses de prisão. Porém, as penas foram trocadas por prestação de serviços voluntários.

Em um acidente mais recente, em novembro de 2011, foi a vez do petróleo causar estragos ambientais sérios na Bacia de Campos, na região Norte do estado do Rio de Janeiro. Um vazamento ocorrido no campo de Frade, uma área de exploração petroleira offshore (em águas profundas) gerou o vazamento de milhares de litros de petróleo no mar, provocando um dos maiores acidentes deste tipo no país.

Rogério Santana/Governo do RJ Vazamento de óleo no Campo Frade, na Bacia de Campos.

Estima-se que a mancha provocada pelo vazamento no mar tenha chegado a 162 km², o equivalente a metade da Baía de Guanabara. Foram acumulados na área de em 3,7 mil barris de petróleo. Especialistas registraram uma grande quantidade de animais mortos nas áreas afetadas pela mancha e décadas serão necessárias até que o habitat marinho local se restabeleça. Em setembro de 2013, a empresa americana Chevron , responsável pela perfuração do poço que vazou, foi condenada a pagar uma indenização de R$95 milhões ao governo brasileiro para compensar os danos ambientais causados.

A natureza com os seus ciclos também já provocou acidentes com consequências catastróficas para os seres humanos no Brail. O maior desastre natural da história do Brasil aconteceu em janeiro de 2011, na região serrana do Rio de Janeiro. Em decorrência de um elevadíssimo nível de chuvas na região, uma série de deslizamentos e enxurradas destruiu casas nas regiões de encosta, além de inundar outras residências. Foram totalizadas aproximadamente 800 mortes.

molinacuritiba Enchente no Vale do Itajaí, em Santa Catarina.

As chuvas, principalmente nas regiões sudeste e sul, costumam ser as grandes causadoras de acidentes naturais. Em 2008, a região do Vale do Itajaí, em Santa Catarina, sofreu uma grande enchente, que resultou em mais de 100 mortes. Estas regiões sofrem com deslizamentos e enchentes principalmente no Verão.

A relação do homem com a natureza em um país com dimensões continentais como o Brasil, os acidentes ambientais merecem atenção redobrada. Tanto medidas para evitar contaminações quanto para prever e minimizar os efeitos de grandes eventos naturais precisam cada vez mais fazer parte das políticas governamentais. Um desafio que requer conhecimento, legislação específica, profissionais capacitados, tecnologia e, principalmente, consciência ambiental.