Após três anos de estudo sobre os impactos causados pelo aquecimento global no País, o Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas, organismo científico criado pelo governo federal em 2009, publicou, no dia 9 de setembro, sua conclusão: as chuvas se tornarão mais escassas nas regiões Norte e Nordeste e as temperaturas vão subir em diversas áreas do Brasil até o final deste século.
A pesquisa aponta que biomas como Amazônia, Caatinga e Cerrado irão sofrer com a seca durante períodos longos, enquanto as regiões Sul e Sudeste terão um aumento no volume de chuva, de 5% a 20%. De modo geral, o calor deve ser elevado de 1°C a 5°C em todo o território nacional se as emissões de gases de efeito estufa e o aquecimento global seguirem no ritmo desenfreado que apresentam atualmente.
Trezentos cientistas brasileiros colaboraram com o projeto, entre as fases de levantamento de informação e análise de dados, e o resultado obtido aponta que a devastação excessiva das matas será o principal agente causador da ascensão da temperatura e diminuição da umidade no ar, ou seja, algo de conhecimento geral e que merece ações preventivas mais do que urgentes.
Entretanto, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) divulgou, no dia 10 de setembro, que o desmatamento na Amazônia Legal (área que engloba Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins) entre agosto de 2012 e julho de 2013 foi de 2.765,64 km², configurando uma alta de 35% em comparação com o período entre agosto de 2011 e julho de 2012, momento em que houve a derrubada de 2.051 km² de vegetação.
Para ter noção da gravidade do problema, existe a possibilidade de que o Semiárido, clima do interior dos estados nordestinos, se transforme numa extensão predominantemente desértica. Por outro lado, na região dos Pampas as expectativas são de que até 2040 a chuva aumente de 5% a 10% e que o clima suba 1°C.
Em números, o Pantanal deverá ter acréscimo em torno de 1°C e redução de 5% a 15% daqui aproximadamente 30 anos, porém, é estimado que o clima fique entre 3,4°C e 4,5° C mais quente e que as pluviosidades baixem de 35% a 45% a partir de 2070. Já no Cerrado projeta-se o aquecimento de 1°C e chances de 10% a 20% de chuvas mais escassas.
Estudos da Rede Brasileira de Pesquisa e Mudanças Climáticas Globais (Rede Clima), órgão instituído pelo Ministério da Ciência e Tecnologia, afirmam que até 2030 haverá quedas significativas no cultivo de feijão, arroz, soja, trigo, milho e algodão. Os prognósticos apresentam grandes ameaças, pois as alterações do tempo podem afetar a produção de itens agrícolas, ou seja, prejudicarão diretamente o desenvolvimento econômico do País.
De acordo com a ONG WWF-Brasil, 75% das emissões de gases de efeito estufa são provenientes do desmatamento, isto é, desenvolver programas de proteção a áreas reservadas à natureza fará com que se recuem imediatamente os índices de poluentes disseminados no meio ambiente, ou seja, uma só ação colabora para a solução de dois imensos problemas.