Comunicação / Instituto Oswaldo Cruz A coleta de micro-organismos que começou antes da Olimpíada vai ter continuidade até 2018.

Os Jogos Olímpicos Rio 2016 atraíram milhares de turistas para o Rio de Janeiro e foi diante desse cenário que pesquisadores da FioCruz e do hospital de combate ao câncer A.C. Camargo se uniram para pesquisar a migração dos micro-organismos.

O projeto que foi batizado de Olimpioma teve início em Nova York e está sendo realizado em 56 cidades de 33 países de seis continentes pelos pesquisadores do Consórcio Internacional Metagenômica e Metadesenho do Metrô e Biomas Urbanos (MetaSUB). A ação tem o intuito de mapear a diversidade de bactérias e vírus nos espaços públicos e está acontecendo em três cidades do Brasil, Rio de Janeiro, São Paulo e Ribeirão Preto.

O pesquisador Milton Ozório Moraes, chefe do IOC/Fiocruz, afirmou ao site do Instituto: “Uma vez que as Olimpíadas trazem visitantes de todas as regiões do planeta para o Rio e grande parte deles passa pelas estações de metrô, poderemos verificar o impacto desse fluxo de pessoas sobre a diversidade de micro-organismos que normalmente existe nesses locais”.

Iniciativa é inédita e deve se prolongar até a Olimpíada de Tóquio

Pela primeira vez, está sendo analisado as consequências da circulação de pessoas em eventos mundiais. As amostras começaram a ser coletadas uma semana antes do começo dos jogos em nove estações do metrô com grande fluxo de passageiros: Vicente de Carvalho, Del Castilho, Maracanã, Central, Carioca, Saens Peña, Botafogo, Cardeal Arcoverde e General Osório.

Essa investigação de vírus e bactérias é feita com a utilização de cotonetes especiais com fibras sintéticas, chamado de swab, onde são coletadas amostras em superfícies de bancos, corrimão e terminais de autoatendimento. Assim que o material chega no laboratório, ele é extraído para que as sequências de DNA sejam analisadas para identificação das espécies presentes.

Durante esse processo foram coletadas 1.300 amostras, que serão comparadas com dados de outras 50 cidades do mundo. Mas, mesmo com o término dos jogos a coleta vai continuar até 2018, de forma que seja possível analisar outras épocas de grande movimentação de turistas da cidade.

Através do DNA desses micro-organismos será possível identificar a origem deles e marcadores de resistências a medicamentos. Para Moraes, existe a possibilidade também de fazer um mapeamento das ancestralidades da população que circula por determinados locais, além de identificar micro-organismos ainda não conhecidos, ajudando em novos estudos e pesquisas.

O resultado das primeiras análises do Olimpioma será divulgado em março de 2017 e terá continuidade em 2020 nas Olímpiadas de Tóquio.