Cientistas do Centro Helmholtz para Pesquisa Ambiental (UFZ), em parceria com a Universidade de Bonn, ambos os institutos com sede na Alemanha, publicaram recentemente na revista Global Change Ambiental o Mapa Global de Uso da Terra. O estudo avaliou e registrou 12 arquétipos de utilização dos recursos fornecidos pelo solo do planeta e associou estes dados a condições climáticas e situações socioeconômicas.

Os doze padrões encontrados pelo produto cartográfico são: sistemas florestais em áreas tropicais; florestas degradadas e áreas de cultivo de grãos nos trópicos; sistemas boreais nas regiões leste e oeste do globo terrestre; aglomerações urbanas de alta densidade populacional; sistemas irrigados de cultivo de grãos com abertura para produção de arroz; extensas localidades de plantação de grãos; sistemas pastorais; sistemas irrigados de cultivo de grãos; intensivos campos de plantio de grãos; terras marginais em países desenvolvidos; terras inférteis nos países em desenvolvimento.

Mapa

A representação foi desenvolvida com o objetivo de auxiliar a humanidade a entender os impactos que suas atividades causam ao meio ambiente, evidenciando que o uso indevido de terra pode afetar a fauna, flora, o clima em âmbito global e proporcionar elevação nas emissões de dióxido de carbono (CO2) e outros Gases de Efeito Estufa.

O Mapa Global de Uso da Terra apontou que os extensos sistemas de cultivo do leste europeu e da Índia ainda têm potencial para aumentar suas produções agrícolas, porém, os países da Europa Ocidental e os EUA estão esgotando seus rendimentos nas regiões de cultivo intensivo.

De acordo com o estudo geográfico, a derrubada de árvores nas florestas tropicais visando à utilização do território para lavoura e a transformação de milharais em áreas de pastagem são ações que devem ser repensadas pela comunidade, pois causam graves danos à natureza. O objetivo da análise é incentivar o desenvolvimento de medidas que contribuam para mitigar os efeitos que as práticas do homem causam ao solo e, consequentemente, aos animais e plantas.

Sistema de Estimativa de Emissão de Gases de Efeito Estufa

No Brasil, o Sistema de Estimativa de Emissão de Gases de Efeito Estufa (SEEG), ligado ao Observatório do Clima (OC), organização que reúne entidades da sociedade civil, divulgou uma pesquisa informando que o setor de mudanças de uso da terra contabilizou 28,14 bilhões de toneladas de carbono entre 1990 e 2012, isto é, a soma de 61,3% do total nacional. Entretanto, o resultado pode ser visto de maneira positiva, já que nesses últimos 22 anos foi constatada uma redução de 42% das disseminações de CO2.

Conforme dados do SEEG, o setor de mudanças de uso do solo é responsável por 93% da degradação e desmatamento dos terrenos destinados à natureza. O estudo alerta que a Amazônia, com cerca de 20% de sua área destruída, o Cerrado, que tem sofrido com as intensas explorações de carne e grãos para exportação, e a Mata Atlântica, afetada pela expansão populacional nos centros urbanos e processos industriais, são os biomas mais ameaçados pela devastação. Por outro lado, o Pantanal é uma das regiões com melhor índice de preservação, com 86% dos seus domínios em bom estado.

Arco do desmatamento da amazônia
Foto: Ministério do Meio Ambiente

Basicamente, o setor de mudanças de uso do solo trabalha com atividades agropecuárias, envolvendo ações de desflorestamento para que o solo seja usado para pastagem e calagem, procedimento de correção de solos agrícolas que, em sua aplicação, causa emissões de CO2.

Quanto à metodologia de pesquisa, as informações são obtidas através de imagens de satélites ambientais e geocodificadas, isto é, transformadas em números, medições de áreas e contabilização de toneladas de dióxido de CO2 na atmosfera. Ou seja, no Brasil e ao redor do mundo, já estão disponíveis tecnologias capazes de ajudar a sociedade a conservar o meio ambiente e implementar boas práticas ao uso da terra.