Uma das frutas mais consumidas no Brasil, a banana, importante aliada da alimentação saudável, teve mais um grande benefício acrescentado à sua rica lista. Desta vez, para o meio ambiente. Um estudo realizado pelo Centro de Energia Nuclear na Agricultura (Cena) da Universidade de São Paulo (USP) constatou a eficácia da casca de banana no tratamento de águas poluídas pelos pesticidas atrazina e ametrina, comumente utilizados em plantações de cana-de-açúcar e milho. Testado nas águas dos rios Capivari e Piracicaba, o novo método superou procedimentos convencionais de eliminação de resíduos, como as metodologias térmicas, químicas, físicas e a fitorremediação.
A técnica ainda não foi aplicada em grande escala, mas já é defendida por pesquisadores como a forma mais eficaz e apropriada para o tratamento de águas destinadas ao abastecimento público em áreas onde a prática agrícola é intensa. A novidade representa um grande avanço para a descontaminação de rios, uma vez que a utilização de agrotóxicos é apontada pelo IBGE como a segunda maior causa da poluição dos rios no Brasil, perdendo apenas para o esgoto doméstico.
Para serem utilizadas no processo, as cascas de banana são secas em forno a 60°C e depois trituradas e peneiradas. O pó é adicionado à água e a mistura é agitada para mais tarde passar pela filtragem. A presença de compostos como celulose, hemicelulose, pectina e clorofila na casca garante a absorção de metais pesados e compostos orgânicos.
Além de ser mais eficiente na eliminação dos poluentes da água, o novo método possui também como vantagem o baixo custo de aplicação. As demais remediações, que envolvem procedimentos mais complexos e custosos, muitas vezes têm que ser complementadas por processos físico-químicos mais eficazes para assegurar que a água atinja os padrões e características necessárias para consumo. No caso das cascas de banana, a absorção realizada pelos seus componentes é suficiente para garantir a potabilidade da água.
Embora os prejuízos destes pesticidas à saúde humana ainda gerarem controvérsias, as substâncias oferecem riscos comprovados às espécies aquáticas. Nos EUA o uso da ametrina é proibido. No Brasil a utilização é liberada e, normalmente, aplica-se carvão ativado para a remoção dos resíduos da água poluída.