Pesquisadores brasileiros e uruguaios estão elaborando uma proposta de Plano de Gestão Ambiental para o Santuário de Baleias do Atlântico Sul, sob a coordenação do Ministério do Meio Ambiente (MMA). A ideia é apresentar as diretrizes para a estruturação do documento na próxima reunião plenária da Comissão Internacional de Baleias (CIB), marcada para acontecer em Portoroz, Eslovênia, de 11 a 18 de setembro.
Se aprovada a proposta, será possível proteger mais de 53 espécies de baleias, golfinhos e outros cetáceos que habitam as águas da parte sul do Oceano Atlântico. A proteção é necessária e ajudará a obter informações sobre as grandes baleias, a partir do monitoramento remoto, permitindo conhecer melhor os hábitos das várias espécies.
A preocupação dos cientistas deve-se ao fato de algumas das espécies ameaçadas serem altamente migratórias, ficando vulneráveis à pesca predatória e comercial. É o caso das baleias azul, fin, sei, minke anã, minke antártica, jubarte e franca. Esses animais se alimentam nos mares antárticos e subantárticos durante o verão, mas buscam as águas quentes tropicais, subtropicais e temperadas no inverno e primavera para se reproduzirem.
A partir da adoção do Plano de Gestão Ambiental, os cientistas defendem o monitoramento dos cetáceos pelo período mínimo de cinco anos. Com os estudos, será possível conhecer melhor os hábitos e preferências alimentares, o crescimento anual de cada espécie, as formas de comunicação que utilizam entre si, além de acompanhar a reprodução, a evolução dos filhotes e a formação de novas famílias.
A estruturação de uma proposta de Plano de Gestão Ambiental para o Santuário de Baleias do Atlântico Sul começou a tomar forma durante uma reunião de dois dias, realizada em 30 e 31 de julho, no MMA, em Brasília. Participaram técnicos de nove instituições públicas, inclusive do Itamaraty, de universidades e entidades de pesquisa.
A apresentação da estrutura do Plano de Gestão Ambiental para o Santuário de Baleias do Atlântico Sul durante a próxima reunião da CIB facilitará a captação de recursos para financiar a proposta. A criação do Santuário conta com o apoio de outros parceiros internacionais, como países caribenhos e latinos que integram o Grupo de Buenos Aires, além de tradicionais aliados na conservação da espécie, como África do Sul, países da União Europeia, Austrália, Nova Zelândia e Estados Unidos, entre vários outros. Atualmente, existem dois santuários de baleias já consolidados, sendo um no Oceano Índico e outro no Oceano Antártico.
Os impactos na redução das populações de baleias e golfinhos, por exemplo, devem-se a atividades petroquímicas, caça comercial, poluição sonora e das águas, com degradação de importantes áreas costeiras utilizadas no período de reprodução e alimentação. A criação do santuário visa a promover a conservação, no longo prazo, das grandes baleias em todo o seu ciclo de vida, dos seus habitats, e das áreas de alimentação e/ou rotas migratórias, com especial ênfase na reprodução e cria dos filhotes.