A biodiversidade está diminuindo em todo o mundo, a taxas sem precedentes na história da humanidade. Com estimativa de 8 milhões de espécies animais e plantas existentes, em torno de um milhão estão em perigo de extinção nas próximas décadas, se não realizarmos uma mudança radical em nossos métodos de produção e consumo.

Estas são conclusões divulgadas no último dia 9 de maio no mais recente e ambicioso relatório da Plataforma Intergovernamental de Políticas Científicas sobre Biodiversidade e Serviços de Ecossistemas – IPBES, na sigla em inglês – da ONU (Organização das Nações Unidas).

Segundo o relatório, os principais fatores responsáveis pelas transformações na natureza são as mudanças no uso da terra (incluídos desmatamento, pecuária, agricultura) e do mar, exploração de fontes naturais, mudanças climáticas, poluição e espécies exóticas invasoras.

Estes fatores já ocasionaram o desaparecimento de 580 espécies de vertebrados desde o século XVI.  Mais de 40% das espécies de anfíbios, quase 33% das formações de corais e mais de um terço de todos os mamíferos marinhos estão ameaçados. Entre os insetos, 10% estão ameaçados. Deve se levar em conta que os insetos constituem 75% das 8 milhões de espécies de animais existentes.

O relatório é importante por muitas razões. Destaca que o ar que respiramos depende das plantas que produzem o oxigênio; que se as abelhas, borboletas, aves e os demais polinizadores deixarem de existir, muitos alimentos também desaparecerão; que a biodiversidade ajuda a regular o clima, evita a erosão dos solos, previne eventos climáticos extremos (como secas e inundações) e ainda nos oferece espaços de recreação e cultura, água limpa e fresca, energia, remédios e recursos genéticos. Como exemplo, mais de 75% dos tipos de cultivos alimentícios mundiais, incluídas as frutas e verduras e alguns dos cultivos comerciais mais importantes como café e cacau, dependem da polinização animal.

O importante papel dos polinizadores

Os polinizadores são fonte de múltiplos benefícios para as pessoas, que vão além do fornecimento de alimentos, pois contribuem diretamente para a produção de remédios, biocombustíveis, fibras, madeiras para construção, instrumentos musicais, artesanato, para o desenvolvimento de atividades recreativas e como fonte de inspiração artística, musical, literária, religiosa, tradicional e tecnológica.

Somente a morte de insetos polinizadores ameaça mais de um terço da produção de alimentos. De acordo com a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO), aproximadamente 80% de todas as espécies de plantas com flor são polinizadas por animais como vertebrados, entre os quais, mamíferos. No entanto, os principais polinizadores são os insetos. Os polinizadores são responsáveis por 35% da produção agrícola mundial, aumentando o rendimento de 87% dos principais cultivos de todo o mundo, bem como numerosos medicamentos de origem vegetal.

Os insetos são considerados altamente especializados pela sua relação com as plantas hospedeiras e também são fonte de alimento de muitos animais. As borboletas e mariposas são importantes indicadores da qualidade de um ecossistema. Quando é extinta uma espécie de borboleta há um desequilíbrio no ecossistema, pois pode desaparecer uma vespa que se alimentava dela que, por sua vez, era alimento de aves que terão menos alimento disponível e assim por diante, provocando um desequilíbrio no ecossistema. Há, por exemplo, plantas que dependem de uma única espécie de borboleta para a polinização. Se essa deixar de existir,  a planta também será extinta.

Então, proteger as borboletas é uma importante ação de proteção ao meio ambiente. E para isso, qualquer pessoa pode contribuir.

Projeto

O biólogo e pesquisador da Unicamp (Universidade de Campinas) Augusto Rosa, decidiu buscar ajuda da população nas redes sociais para estudar as borboletas. Ele criou o projeto “Você viu essa borboleta?”, no Facebook. Além da pergunta, ele coloca uma foto e os detalhes de cada espécie, e também disponibiliza um guia das borboletas ameaçadas de extinção no Brasil.

O projeto já está mobilizando pessoas, pois desde que começou, 80 pessoas enviaram fotos das borboletas, das quais algumas eram do grupo das ameaçadas de extinção.

Para participar do projeto, é só entrar em contato com o biólogo pelo Facebook, na página www.facebook.com/labborboletas/, ou via e-mail: augustohbrosa@hotmail.com. Fotografe a borboleta e envie ao pesquisador. Você estará contribuindo para o estudo dessa maravilhosa e cativante espécie de inseto e, possivelmente, evitar a extinção de numerosas variedades.

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Doutor em Ciências Sociais e Mestre em Ciência Política pela UNICAMP. É especialista com pós-graduação em Ciências Ambientais pela USF. Foi professor e coordenador de curso em várias instituições de ensino, entre as quais: Mackenzie/SP, USF/SP, UNIP/SP, UNA/MG. Tem experiência na área de Sociologia, com ênfase em Teoria Sociológica, atuando principalmente nos seguintes temas: Administração, sustentabilidade, política pública, responsabilidade social, gestão ambiental, turismo. Recebeu em 2015 certificado de Menção Honrosa em reconhecimento à excelência da produção científica pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Tem inúmeros livros publicados em sua área de atuação pelas Editoras Atlas, Pearson e Saraiva entre outras.