O mundo gerou aproximadamente 400 milhões de toneladas de resíduos plásticos no ano passado. Esta torrente de garrafas de água e shampoo, recipientes dispensadores, camisas de poliéster, tubulações de PVC e outros produtos plásticos pesava tanto quanto 40.000 Torres Eiffel.
Isso faz parte de uma crise de poluição plástica que, segundo especialistas, está devastando ecossistemas, expondo as pessoas a poluentes potencialmente prejudiciais e intensificando as mudanças climáticas.
Veja uma análise mais detalhada sobre o que é a poluição plástica, por que é um problema tão grave e o que pode ser feito a respeito.
1. Quanto plástico existe por aí?
Muito. Hoje, os plásticos são uma parte importante do mundo moderno, usados em tudo, desde peças de automóveis até dispositivos médicos. Desde a década de 1950, pesquisadores estimam que a humanidade produziu 9,2 bilhões de toneladas de material, dos quais cerca de 7 bilhões de toneladas se tornaram resíduos.
2. Quais tipos de plásticos são os mais problemáticos?
Uma fonte importante de poluição plástica são os produtos plásticos de uso único, que não circulam na economia, sobrecarregando os sistemas de resíduos e entrando no meio ambiente. Alguns dos produtos plásticos de uso único mais comuns são garrafas de água, recipientes dispensadores, sacolas para viagem, talheres descartáveis, sacos de congelador e espuma de embalagem.
3. Onde você encontra poluição plástica?
A resposta curta: quase em todos os lugares. Está em lagos, rios e oceanos. Pontilha ruas das cidades e campos agrícolas. Está transbordando de lixões. Está se acumulando em desertos e se infiltrando no gelo marinho. Pesquisadores até encontraram detritos plásticos no Monte Everest e na Fossa das Marianas, o ponto mais profundo da Terra.
4. Por que a poluição plástica é um problema tão grave?
Existem três grandes razões.
Primeiro, a poluição plástica pode causar estragos nos ecossistemas. Um estudo descobriu que pequenas partículas plásticas podem retardar o crescimento de uma alga marinha microscópica conhecida como fitoplâncton, que é a base de várias cadeias alimentares aquáticas. Além disso, os peixes frequentemente comem produtos plásticos por engano, enchendo seus estômagos com fragmentos indigeríveis que os fazem morrer de fome.
Segundo, o plástico frequentemente se decompõe em fragmentos minúsculos – conhecidos como microplásticos e nanoplásticos – que podem se acumular no corpo humano. Microplásticos foram encontrados em fígados, testículos – até no leite materno. Um estudo descobriu que, em média, um litro de água engarrafada contém cerca de 240.000 microplásticos.
Terceiro, o plástico, ao longo de seu ciclo de vida, também contribui para as mudanças climáticas. A produção de plástico – um processo que consome muita energia – foi responsável por mais de 3% das emissões de gases de efeito estufa que aquecem o planeta em 2020, estimam os pesquisadores.
5. O que os microplásticos fazem aos humanos?
Ainda não sabemos. Mas os pesquisadores estão trabalhando febrilmente para descobrir, devido à quantidade alarmante de microplásticos que estamos ingerindo.
6. A reciclagem sozinha pode acabar com a crise da poluição plástica?
Não. Apenas cerca de 9% dos plásticos são efetivamente reciclados, segundo um estudo da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico. Existem várias razões para isso. Muitos produtos plásticos não são projetados para serem reutilizados e reciclados. Alguns são muito frágeis para serem reciclados, enquanto outros só podem ser reciclados uma ou duas vezes. Muitos países carecem de infraestrutura para coletar e reciclar resíduos plásticos. Mas talvez o maior problema: os sistemas de reciclagem não conseguem acompanhar a explosão de resíduos plásticos. A produção global de plástico dobrou entre 2000 e 2019.
7. Então, como o mundo pode enfrentar a poluição plástica?
Precisamos pensar grande. Isso significa ir além da reciclagem e encontrar maneiras de limitar os problemas ambientais e de saúde causados pela poluição plástica. Isso significa olhar para todas as etapas da vida dos produtos, desde sua produção, design e consumo até seu descarte. Isso é conhecido como abordagem de ciclo de vida. Em termos práticos, isso significa reduzir nossa dependência de produtos plásticos de uso único. Significa redesenhar produtos plásticos para que durem mais, sejam menos perigosos e possam ser reutilizados e, finalmente, reciclados. Significa encontrar alternativas aos plásticos em uma variedade de produtos. E significa evitar que os plásticos se infiltrem no meio ambiente.
8. Tudo isso parece caro e difícil. É mesmo?
Não necessariamente. Governos, corporações, grupos sem fins lucrativos e pessoas em todo o mundo já estão implementando soluções inovadoras para acabar com a poluição plástica. E pesquisas sugerem que a abordagem de ciclo de vida poderia economizar para o mundo US$ 4,5 trilhões em custos sociais e ambientais até 2040.
“Precisamos parar de pensar nas soluções para a poluição plástica como uma despesa”, disse Tonda. “São investimentos em sociedades saudáveis e em um planeta saudável – coisas que renderiam dividendos para as gerações futuras.”
9. O que o mundo está fazendo sobre a poluição plástica?
Muitos países estão enfrentando a poluição em nível nacional com leis destinadas a controlar o uso de produtos plásticos de uso único e obrigar os fabricantes de plástico a assumir a responsabilidade de longo prazo por seus produtos.
No entanto, como a poluição plástica é um problema transfronteiriço, a cooperação internacional é fundamental. É por isso que as nações estão agora negociando um tratado global para acabar com a poluição plástica.
O Comitê Intergovernamental de Negociação – encarregado de desenvolver o acordo – se reunirá para a segunda parte de sua quinta sessão de 5 a 14 de agosto de 2025 em Genebra, Suíça.
As negociações, dizem os especialistas, são um reconhecimento pelos líderes mundiais da gravidade da crise da poluição plástica e da necessidade de um acordo juridicamente vinculante para resolvê-la.
10. Por que há tanta urgência em combater a poluição plástica?
Sem ação decisiva, o problema da poluição plástica só vai piorar. A Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico prevê que, até 2060, os resíduos plásticos quase triplicarão para um bilhão de toneladas por ano. Se as tendências atuais continuarem, isso levará a um aumento na poluição plástica, com quase metade dos resíduos plásticos recém-gerados sendo aterrados, incinerados ou perdidos no meio ambiente.