Não dá mais para ser consciente só dentro de casa.

Viagens sustentáveis, viagens responsáveis, turismo ecológico e viagens ecológicas: os nomes são diferentes, mas a responsabilidade é uma só. A Organização Mundial do Turismo define essa prática como o desenvolvimento que atende às necessidades dos turistas e das regiões anfitriãs, ao mesmo tempo em que protege e aumenta as oportunidades para o futuro. Traduzindo em bom português, viagem sustentável é aquela que minimiza os impactos negativos do turismo e, ao mesmo tempo, também é benéfica para a área em que ele ocorre.

Devemos estar atentos à maneira como viajamos e ao impacto que causamos quando chegamos a um destino. Isso significa estar mais cientes dos níveis de poluição causados pelas viagens e como isso afeta o meio ambiente, a população local, a vida selvagem local e as culturas nativas.

Sustentabilidade e turismo: o meio ambiente não tira férias

O conceito de sustentabilidade possui três princípios fundamentais: o pilar ambiental, o social e o econômico – e todos eles se relacionam diretamente com o nosso comportamento durante as viagens.

Pilar Ambiental: aqui, inclui minimizar nossa pegada de carbono, especialmente de viagens aéreas, escolher destinos onde o deslocamento não exija de utilização de veículos automotivos, atentar-se ao uso de água, ao consumo de embalagens e resíduos de plástico e o respeito à vida animal. Por falar nisso, o contato com a vida selvagem é tentadora, no entanto, evite passeios que prometem encontros de perto com animais de grande porte. Se você tiver permissão para tocar, acariciar ou tirar fotos de perto, isso é um mau sinal.

Viajar de trem ou ônibus costuma ser a opção mais sustentável do que voar ou dirigir de carro, mas depende da rota. Se você estiver viajando em grupo, faz sentido compartilhar o carro. Se estiver viajando sozinho, pode ser mais ecológico voar ou pegar trem.

Voar na classe executiva ou primeira classe é desejo de 10 entre 10 viajantes, mas resulta em uma pegada de carbono 5x maior. Pegue o assento da classe econômica porque é melhor para seu orçamento e para o meio ambiente. E se possível, escolha o caminho de voo mais curto. Decolagens e pousos causam a maior parte das emissões de carbono de um avião, então é melhor fazer um voo direto e evitar mudanças ou escalas sempre que possível.

Resorts são tudo de bom, mas têm grandes impactos negativos no meio ambiente local devido ao seu consumo de água e energia. Lavar toalhas e trocar lençóis diariamente são comuns em grandes resorts e desperdiçam energia e água. Muitos também são construídos em grandes áreas de habitat natural.

Se for praticar snorkel ou mergulho com cilindro, tome cuidado para não pisar no coral, pois isso pode danificar o ecossistema. 25% dos recifes de coral em todo o mundo estão danificados sem possibilidade de reparo. Se quisermos preservar nossos lindos recifes, devemos fazer snorkel e mergulhar com responsabilidade. Ao fazer snorkel ou mergulho, vá com grupos menores para evitar a superlotação. Não tente tocar ou alimentar peixes ou animais e certifique-se de usar protetor solar compatível com os recifes. Muitos protetores solares de prateleiras de supermercados contêm dióxido de titânio, um mineral que não é biodegradável e reage na água do mar quente para formar peróxido de hidrogênio, que é prejudicial a toda a vida marinha.

E sabe aquela prática de deixar o ar condicionado ligado o dia todo para encontrar o quarto geladinho quando voltar do passeio? Ou então ficar horas tomando aquela ducha relaxante para recarregar o corpo cansado de tanto curtir a trip? A gente não faz isso quando está em casa, mas muita gente tem esse costume quando viaja e sem grandes dramas de consciência. Mas o meio ambiente vai cobrar essa conta. Pense nisso.

Pilar Social: aqui diz respeito ao nosso impacto nas pessoas e comunidades locais. Isso inclui o apoio a empresas que são administradas, empregam e apoiam a população local, bem como projetos de turismo comunitário, ONGs, empresas sociais e instituições de caridade. Os viajantes responsáveis podem procurar oportunidades de se envolver nesses tipos de projetos e estarem cientes de quem as empresas empregam, se recebem salários justos e se o ambiente de trabalho é seguro.

Descubra se um hotel emprega funcionários locais e se usa materiais de construção e decoração de origem local. Infelizmente, muitos hotéis se autodenominam verdes sem realmente implementar iniciativas de sustentabilidade. Procure acomodações comprometidas e certificadas.

Pilar Econômico: tradicionalmente, refere-se a negócios lucrativos para serem sustentáveis. Quando se trata de viagens, podemos usar o nosso dinheiro para contribuir positivamente para aquela economia. Apoie os proprietários de negócios da região, optando por ficar em acomodações de propriedade local. É mais sustentável do que direcionar seu dinheiro para fora da economia local em hotéis e resorts estrangeiros. E, claro, compre presentes feitos localmente para levar para casa como lembranças.

Antes da pandemia, as previsões apontavam que o turismo iria responder por 40% das emissões mundiais de carbono até 2050. Com a proximidade cada vez maior de uma normalidade pela diminuição das medidas de restrição ao distanciamento social, o setor tende a ficar aquecido. Um ótimo momento para recomeçarmos de uma forma mais consciente.

A responsabilidade de encontrar um modelo de turismo mais sustentável não recai apenas sobre o viajante, mas também sobre as companhias aéreas, países anfitriões, governos e empresários. Fale e deixe as empresas saberem que você está interessado em viagens sustentáveis e deseja saber suas iniciativas e metas de sustentabilidade. Compartilhe suas experiências de viagem consciente com amigos, familiares, pessoas que você conhece. Quanto mais falamos sobre a forma como viajamos, mais reforçamos a importância – e as delícias – de viajar de forma ecológica.