É possível crescer economicamente sem agredir o meio ambiente? Se analisarmos os maiores poluidores do mundo, a primeira resposta seria ‘não’, visto que se tratam também das maiores potências econômicas, porém é necessário descobrir como aliar economia e sustentabilidade para garantir o futuro de nossa espécie, para que o lucro não prevaleça acima da humanidade.
Desde a industrialização, a base econômica mundial depende, basicamente, de combustíveis fósseis – como o petróleo – multiplicando em milhões de vezes o número de substâncias tóxicas lançadas no ambiente se comparado com qualquer período anterior. O aumento do consumo no dia a dia da população acelera bastante essa degradação: mais carros; mais consumo de energia; mais produção de lixo; maior consumo de produtos industrializados; tudo isso faz parte de um grande círculo vicioso e prejudicial ao ambiente.
O maior exemplo desse conflito entre crescimento econômico e meio ambiente é a negação por parte dos Estados Unidos em ratificar o protocolo de Kyoto. O tratado internacional impõe metas e compromissos para seus signatários, que deverão segui-las para reduzir a emissão de gases poluentes. Segundo George W. Bush, presidente na época da negação por parte dos EUA, as exigências do protocolo prejudicariam o crescimento econômico do país.
Lixo: uma alternativa sustentável!
Essa crescente preocupação ambiental, por outro lado, pode tornar-se também uma fonte alternativa de renda. Provando, dessa forma, que pensar no meio ambiente não é um freio econômico. O lixo é o maior exemplo dessa alternativa.
Em Bragança Paulista existe uma fábrica de papel que mostra como o lixo pode ser uma grande fonte de renda para a empresa, além de gerar empregos e beneficiar a economia como um todo. Na fábrica a maior parte da produção é feita a partir de papel usado, somando 100 toneladas por dia. Além disso, 80% da borra que vem da fabricação (90 toneladas por dia, em média) são doadas para uma fábrica de tijolos vizinha. Misturando essa borra com argila, os tijolos ficam mais leves, fortes e baratos que os convencionais. Com a doação, a empresa de papel passou a lucrar mais de R$ 60 mil reais anuais, que seriam usados para a eliminação do material.
Algumas cidades no país, como Fortaleza, passaram a ter usinas de reciclagem que empregam os antigos catadores de lixo não regulamentados. Dessa forma, a economia cresce em grande escala, não só com os materiais reciclados – que deixam de ser lixo e se transformam em novos produtos –, como com as centenas de novos trabalhadores, que fazem circular dinheiro na cidade, além de proporcionar condições de estudo aos filhos desses trabalhadores, que antes também eram catadores de lixo.
Outra possibilidade que vem crescendo muito nos EUA e na Europa é a geração de energia com resíduos sólidos. A ideia é simples: queimar o lixo e, com o vapor produzido, alimentar caldeiras e turbinas que produzirão a energia elétrica. De forma simplificada, o processo é o mesmo de uma termoelétrica comum, só que substituindo o carvão ou o óleo pelo lixo. Em toda a Europa, mais de 130 milhões de toneladas de lixo já foram queimadas, produzindo mais de 8.800 megawatts – cerca de metade da capacidade de produção da usina de Itaipú.
É importante que os gestores das cidades, estados e do país, passem a ver o lixo não como um problema, mas como uma alternativa. Dessa forma, só há ganhos sociais, econômicos e ambientais, comprovando que é possível melhorar a economia impactando menos o meio ambiente. Esta é em suma a definição de sustentabilidade, um tripé formado pelo crescimento econômico, preservação do meio ambiente e desenvolvimento social.