foto de barril de petróleo vazando
As grandes empresas estão adotando novas medidas visando substituir a produção energética por outras menos agressivas ao meio ambiente.
foto de barril de petróleo vazando
As grandes empresas estão adotando novas medidas visando substituir a produção energética por outras menos agressivas ao meio ambiente.

Há uma crescente preocupação mundial sobre os efeitos nocivos dos combustíveis fósseis na geração dos gases de efeito estufa (GEE) que contribuem para o aumento do aquecimento global e das mudanças climáticas. Além disso seus efeitos negativos sobre a saúde humana e os ecossistemas contribuem para a condenação generalizada e o aumento da pressão para o desenvolvimento de fontes alternativas de energia limpa.

O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) divulgou na reunião da COP22, realizada no Marrocos em novembro de 2016, um documento intitulado “Mobilidade elétrica: Oportunidade para a América Latina” em que afirma que se a totalidade da frota atual de ônibus e táxis de 22 cidades em 12 países latino-americanos fosse substituída por veículos elétricos a partir deste ano, até 2030 seriam economizados quase 64 bilhões de dólares em combustíveis, seria reduzida a emissão de 300 milhões de toneladas de CO2 (dióxido de carbono) e seriam evitadas a morte prematura de mais de 36.500 pessoas devido a doenças respiratórias associadas à qualidade do ar.

Automóveis, ônibus e caminhões consomem 45% de todo petróleo utilizado no planeta. Se ocorrer simultaneamente um avanço na utilização de energias renováveis e se os atuais veículos forem substituídos por elétricos, o fim da era do petróleo pode estar próximo.

São sinais claros das mudanças a unanimidade global que vai se formando em torno da necessidade da substituição dos combustíveis fósseis como fonte de energia, o que tem provocado um rápido envolvimento das multinacionais petrolíferas e das grandes montadoras de veículos na fabricação de carros elétricos.

As grandes companhias de petróleo estão se preparando para a mudança de paradigma.  A BP, companhia de petróleo inglesa, há vários anos vem mudando sua imagem e inclusive seu nome. Antes BP representava simplesmente British Petroleum, mas atualmente prefere ser conhecida como “Beyond Petroleum”, ou seja: “além do petróleo”.

A Shell abriu seu primeiro posto de abastecimento de hidrogênio para veículos nos Estados Unidos, na capital Washington e o está utilizando como modelo para o futuro, quando estes locais comercializarão múltiplos combustíveis. A multinacional petrolífera francesa Total comprou a maior companhia norte-americana de painéis solares, a Sunpower. Outra companhia de petróleo a ExxonMobil desenvolve pesquisas com biocombustíveis e outras fontes renováveis.

As empresas automobilísticas vêm adotando medidas visando a crescente substituição da forma tradicional de produção energética por outras menos poluentes. A multinacional sueca Volvo anunciou que, a partir de 2019, todos os veículos de modelo novo que produzirá serão 100% elétricos ou híbridos. A Toyota começará as vendas de seu carro elétrico em 2022. A Renault-Nissan, a Ford e a Volkswagen anunciaram planos para produzir carros elétricos em parceria com empresas chinesas. A empresa britânica Jaguar Land Rover informou que, a partir de 2020, toda a sua linha terá motores híbridos — combinando combustão e eletricidade — ou 100% elétricos. E a alemã BMW produzirá carros elétricos em massa a partir de 2020.

Os governos, em todos os níveis, estão buscando soluções regulatórias para a solução de problemas ambientais. Regulamentação do governo chinês que entrará em vigor no próximo ano, estabelece que todas as montadoras produzam uma cota de veículos elétricos. França e Reino Unido proibirão a venda de veículos a gasolina e a diesel a partir de 2040. A Noruega só permitirá a venda de automóveis elétricos e híbridos a partir de 2025.

Dando continuidade a um acordo assinado em 2016 por inúmeros prefeitos, as municipalidades alemãs de Berlim, Bremen, Dresde, Essen, Frankfurt, Hamburgo, Hannover e outras passaram a proibir a entrada de veículos a diesel em 2017. Barcelona fará o mesmo em 2019, Paris em 2020 e Madri e a capital mexicana, em 2015.

O problema do petróleo não é o seu esgotamento. O combustível se tornou uma fonte de energia prejudicial ao meio ambiente e o seu uso pode acarretar sérios danos ao planeta, ameaçando seus ecossistemas, agravando a saúde humana e aumentando o aquecimento global. Nesse sentido, torna-se oportuna a frase dita pelo ex-presidente da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), Ahmed Zaki Yamani: “A Idade da Pedra não acabou pela falta de pedra, e a Idade do Petróleo irá acabar muito antes que o mundo fique sem petróleo”.

Essa é uma tendência irreversível. O mundo avança além do petróleo. As nações que insistem em aumentar sua dependência do petróleo apostam no passado e não enxergam o futuro, o que pode ser desastroso para seu desenvolvimento. Investir em energias limpas e na substituição dos combustíveis fósseis como força motora dos veículos é abrir portas para o desenvolvimento em padrões sustentáveis.

Imagem: Zhenikeyev / iStock / Getty Images Plus