© Depositphotos.com / logoboom O custo para uma entrega urbana que não polui é o mesmo de outra que polui.

E-commerce é tudo igual. Quem já comprou pela Internet sabe o quanto essa afirmação está longe da realidade. A experiência de buscar um produto via web, descobrir suas características, compará-lo com outros semelhantes, conhecer a opinião de consumidores que já o adquiriram e ponderar custos/benefícios varia imensamente entre as empresas.

Se o suporte ao processo de escolha, que pode ser facilmente replicado, é tão diverso entre concorrentes, imagine os processos de entrega das mercadorias?
Com raríssimas exceções (software, por exemplo), todas as vendas digitais dependem de uma entrega física. No Brasil, os principais segmentos de produtos comercializados são: moda, beleza, eletrodomésticos, telefonia e livros.

Sob a ótica que nos interessa nesse blog, existem dois tipos de entrega: as que poluem (feitas em caminhões, utilitários e motos) e as que não poluem (feitas em bicicletas, veículos elétricos e a pé).

Para uma empresa de e-commerce, o custo para uma entrega urbana que não polui é o mesmo que de outra que despeja diversos poluentes na atmosfera. Se custo não é problema, o prazo de entrega também não, por que menos de 1% das entregas é feito de forma sustentável?

Por que os bons e-commerces – que não são todos iguais – não se engajam em transformar o modelo de entregas tradicional e ultrapassado em algo novo e sustentável? Se o custo e o prazo são os mesmos, por que os consumidores não exigem das empresas que entregam seus produtos um compromisso com a saúde das pessoas com as quais convivem?

Pouca gente imagina que um bike courier profissional pode fazer 30-40 entregas por dia, pedalando em média 80 km e que quatro bicicletas podem substituir um Fiorino, aliviando o trânsito, a poluição, os estacionamentos e o barulho da cidade.

Se todos tivessem consciência de que em uma cidade como São Paulo a poluição provém praticamente só dos escapamentos dos veículos (já que não há queimadas de florestas ou fábricas com chaminés por lá) e que essa poluição causa 10 mortes por dia, talvez empresas e consumidores agissem de forma diferente.

Ninguém tolera que uma confecção utilize mão de obra escrava, que uma indústria química despeje seus resíduos sem tratamento na natureza, que um frigorífico abata animais com crueldade. Para consumidores inteligentes e conectados, a forma como se produz é tão importante quanto o produto em si.

No Brasil, como já ocorre nos países desenvolvidos, sustentabilidade se tornará uma exigência dos consumidores, obrigando empresas a repensarem suas atividades. Empresas que insistirem no comodismo dos velhos processos terão três caminhos: mudar por bem, mudar na marra ou desaparecer. Então, que tal se antecipar, reposicionar seu negócio ou marca, estabelecer um compromisso público que demonstre respeito ao consumidor e ao meio ambiente? Todo mundo vai ganhar com isso!