À medida que aumentam as preocupações com o aquecimento global está se tornando evidente que medidas de prevenção ou mesmo adaptações terão enormes custos e vão exigir mudanças nas formas com que produzimos e usamos a energia.

É bem claro também que certos setores da economia serão duramente atingidos, uma vez que o uso de combustíveis fósseis terá que diminuir. Não é de surpreender, portanto, o esforço de alguns destes setores em desqualificar os estudos que mostram que o aquecimento global é inevitável.

Refinaria do Rio de Janeiro
Refinaria do Rio de Janeiro. Foto: vejario

Além destes interesses contrariados, há também um pequeno número de cientistas que se auto intitulam “céticos” e tem argumentado contra a avassaladora evidencia que os relatórios do Painel Internacional de Mudanças Climáticas (IPCC) têm produzido. Excluindo os que o fazem por má fé, existem outros que são simplesmente mal informados e que não acompanham os progressos científicos recentes nesta área.

O aumento da temperatura devido às emissões de carbono é um fenômeno de longo prazo e ela já subiu quase um grau centigrado nos últimos 150 anos. Durante algumas décadas a temperatura subiu muito, em outras pouco, mas o que importa é o longo prazo e há explicações para que a temperatura não suba todos os anos.”

Em particular, um argumento que tem sido muito usado pelos “céticos” é o de que nos últimos 10 anos a temperatura global tem se mantido mais ou menos constante apesar das emissões de CO2 (dióxido de carbono) terem aumentado neste período.

Sucede que o aumento da temperatura devido às emissões de carbono é um fenômeno de longo prazo e que ela já subiu quase um grau centigrado nos últimos 150 anos. Durante algumas décadas a temperatura subiu muito, em outras pouco, mas o que importa é o longo prazo e há explicações para que a temperatura não suba todos os anos.

Além disso, o que os “céticos” não mencionam é que há outros indicadores do aquecimento global além do aumento de temperatura e todos eles estão variando de acordo com o esperado segundo modelos e projeções.

Os 10 indicadores mais importantes de um mundo em aquecimento são:

• Temperatura do ar;

• Vapor d’água na atmosfera;

• Área coberta por gelo;

• Temperatura do ar sobre os oceanos;

• Temperatura da superfície do mar;

• Volume das geleiras;

• Temperatura do solo;

• Cobertura de neve;

• Nível do mar;

• Conteúdo de calor nos oceanos.

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Doutor em Ciências Físicas pela USP. Já foi Presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (1979-1981); Presidente da Companhia Energética de São Paulo (1982-1985); Reitor da USP (1986-1990); Secretário de Ciência e Tecnologia; Secretário do Meio Ambiente da Presidência da República e Ministro de Estado da Educação do Governo Federal (1991 a 1993); Secretário de Meio Ambiente do Estado de São Paulo (2002-2006). Também foi professor da Universidade de Paris (França) e Princeton (Estados Unidos). É autor de inúmeros trabalhos técnicos e livros sobre Física Nuclear, Energia e Meio Ambiente. Recebeu os prêmios “KPCB Prize for Greentech Policy Innovators” em 2007; “Blue Planet Prize”, da Asahi Glass Foundation (Japão) no mesmo ano; “Trieste Sicence Prize”, da Academia de Ciências do Terceiro Mundo (TWAS), em 2010; e o Prêmio Zayed de Energia do Futuro (Zayed Future Energy Prize), na categoria Life Achievement, em 2013.