Gira-Gira
Foto: emplay.squarespace

As noites de Gana, país situado na África Ocidental, duram exatamente 12 horas, ou seja, a nação passa metade do dia sob a mais completa escuridão, já que seus mais de 25,5 milhões de habitantes (conforme dados fornecidos pelo IBGE) não têm acesso à eletricidade ou não possuem condições de arcar com as despesas deste serviço básico. Entretanto, a organização sem fins lucrativos Empower Playgrounds criou uma forma de “iluminar” a vida, principalmente, das crianças ganesas: brinquedos gira-giras que fornecem energia para as escolas e lanternas para uso doméstico.

Nas vilas da pátria africana é comum escutar crianças dizendo que pretendem se tornar médicos, enfermeiras, advogados, professores, radialistas, banqueiros e policiais, porém, muitas das instituições de ensino disponíveis no território ganês contam com estruturas em condições precárias, isto é, uma situação que atrasa o aprendizado de milhões de jovens e prejudica o desenvolvimento do país.

A ideia surgiu quando Ben Markham, ex-vice-presidente de Engenharia e Pesquisa da ExxonMobil, petrolífera multinacional de origem norte-americana, e sua esposa foram para Gana realizar trabalhos voluntários durante 18 meses. Lá, nas aldeias rurais, o casal apurou a ausência de brinquedos em espaços públicos e observou que a população era afetada pela falta de luz durante grande parte do dia, condição comum nos países próximos a linha do Equador.

Gira-Gira
Foto: emplay.squarespace

A solução? Utilizar a potência de uma fonte de energia quase inesgotável: as crianças. Como? Por meio de uma parceria com a Brigham Young University, de Utah (EUA), foram projetados gira-giras que geram eletricidade que, além de prover equipamentos de playground à meninada, tornou possível o acesso a televisores, computadores, rádios e lâmpadas, algo até então inconcebível com a realidade local.

Basicamente, o sistema implantado nos gira-giras funciona a partir de energia mecânica, ou seja, executa o fornecimento energético através da movimentação das estruturas, um modo prático e fácil de abastecer as redes elétricas, já que a criançada da região tem vitalidade de sobra para se divertir por horas nos brinquedos.

De acordo com a Empower Playgrounds, qualquer criança saudável de idades entre 8 e 12 anos tem potencial para gerar aproximadamente 150 watts por hora em quanto brinca nos aparelhos, o que além de levar eletricidade para as escolas, pode carregar uma série de lanternas de LED, itens distribuídos para a molecada levar para a casa, ajudando os pais e até reforçando os estudos no período da noite.

Entretanto, a instalação dos mecanismos em uma escola custa algo em torno de R$ 25 mil, atendendo as demandas de 200 crianças por mais de 5 anos, resultando num valor anual R$ 23 para cada jovem, ou seja, novos apoiadores do projeto não gastariam muito e ajudariam a desenvolver uma região em que a pobreza prevalece. Sustentáveis, os gira-giras não irão parar de fornecer energia, afinal, sempre haverá uma criança querendo brincar.

Gira-gira
Foto: emplay.squarespace