Extrema, cidade do interior de Minas Gerais com mais de 29 mil habitantes também pode ser considerada sustentável pelos serviços de coleta seletiva e Cata Treco, sistema da prefeitura que recolhe móveis e eletrodomésticos antigos. De acordo com o Secretário do Meio Ambiente de Extrema, Paulo Henrique Pereira, são arrecadadas 25 toneladas de lixo diariamente. Deste total, 32% são resíduos sólidos destinados para as usinas de reciclagem.

Mas não é só o governo municipal que está preocupado com o destino dos resíduos. No bairro de Tenentes, um artesão com muita criatividade e esforço construiu a primeira casa de material reciclável da região. Ed Mauro Morbidelli, 31, decidiu construir sua própria casa em 2010, utilizando material reciclável de baixo custo. Para isso contou com o apoio dos vizinhos e principalmente do pai que recolheu 90% das 11 mil garrafas PET pela cidade. “Quando resolvi construir minha casa, pensei em fazer algo diferente que pudesse contribuir com a nossa natureza”, explica.

Casa de Garrafa PET
Morbidelli utilizou 11 mil garrafas pet na construção de sua casa. Foto: Arquivo pessoal.

Morbidelli conta que antes de começar a construir fez uma pesquisa e constatou que era possível usar o material reciclável na construção civil. “Achei interessante, pois optando pelo plástico eu tiraria um pouco dessas garrafas do lixo”.

“Quando resolvi construir minha casa, pensei em fazer algo diferente que pudesse contribuir com a nossa natureza. […] Achei interessante, pois optando pelo plástico eu tiraria um pouco dessas garrafas do lixo”, Ed Mauro Morbidelli.”

ED MAURO
Ed Mauro Morbidelli. Foto: Arquivo pessoal.

O processo de construção começou com o enchimento das garrafas com terra, que durou cerca de três meses. Ed Mauro conta que este período foi difícil por conta das chuvas na região que deixavam a terra mais molhada e mais difícil para ser peneirada. Em outubro do mesmo ano, Morbidelli fez o alicerce nos moldes convencionais usando cimento, pedra, tijolo e baldrame (vigas de ferro).

Depois que a base da casa ficou pronta o artesão subiu as paredes com barro, uma alternativa ecológica encontrada no próprio local. Após dois anos trabalhando no projeto aos finais de semana, em 2012 a casa sustentável de 100 m², com três cômodos e um banheiro foi finalizada. No mesmo terreno foi construída uma horta sustentável, utilizando pneus velhos que serviram de vasos para mudas de plantas. Outra parte da casa também usa garrafa PET para cercar o canteiro dos vegetais.

Morbidelli acredita que “a reciclagem é importante para a conscientização da população em relação à preservação de nossa natureza e que isso pode trazer benefícios também para toda a humanidade”. Além disso, o artesão revela a falta de implantação de projetos sustentáveis pelo governo municipal e acredita que estas iniciativas contribuem para o desenvolvimento das comunidades locais.