Começa a chover forte na cidade e a primeira preocupação é, será que vai alagar? E se as ruas pudessem absorver a água da chuva para diminuir a quantidade de água que entra nos bueiros e entope a rede de esgoto? Esse sonho está perto da realidade. Pelo o menos é o que alguns estudantes da USP estão prometendo para os grandes centros urbanos que sofrem com enchentes em épocas de chuvas.
Alunos e acadêmicos do Departamento Hidráulico da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP) testam com sucesso, desde 2011, uma nova tecnologia que produz asfalto permeável. Eles a chamam de Camada Porosa do Asfalto (CPA) e, basicamente, é um asfalto constituído de algumas camadas que promovem a absorção de água. Após isso, ela é direcionada para um sistema de drenagem e fica armazenada sob uma manta de borracha.
O asfalto permeável já existia, mas nunca foi utilizado no Brasil. Então, eles adaptaram o conceito para as características locais.
A primeira camada é composta de pequenas pedras ligadas ao asfalto do tipo poroso na superfície. A seguinte possui pedras maiores, que abrem espaços de 25% na camada para que a água fique armazenada. Essas camadas de pedras tem cerca de 35 cm de altura. Abaixo há uma lona plástica bem fina em contato com o solo. Nesse espaço, a água absorvida pode ficar armazenada por um tempo e não escoar diretamente para os córregos e rios.
“Restituímos de forma artificial a permeabilidade do solo que perdemos com o crescimento das cidades”, explica José Rodolfo Martins, professor, pesquisador e idealizador do projeto. Infelizmente, o asfalto permeável chega a ser 22% mais caro que o convencional e ele não suporta o tráfego intenso nem veículos muito pesados.
Além de diminuir as enchentes, o asfalto permeável pode auxiliar na redução das ilhas de calor, na recarga dos aquíferos subterrâneos e na manutenção das vazões dos cursos d’água nas épocas de seca.