iStockphoto.com / MaRabelo Aquecimento da água e sobrepesca contribuem para o fenômeno.

Um estudo publicado na revista Proceedings, da Academia Nacional de Ciências, revelou, após 632 experimentos, que não há “alcance mínimo” para os animais marinhos no que se refere ao aquecimento das águas e à acidificação dos oceanos. Existem pouquíssimas espécies capazes de escapar do impacto que o CO2 causa nos oceanos.

Os oceanos absorvem cerca de um terço de todo o CO2 que é emitido pela queima de combustíveis fósseis. Isso tem provocado um aquecimento de cerca de 1 grau desde os tempos pré-industriais. A água, hoje, possui 30% mais ácidos.

Essa profunda acidificação tornará muito complicada a formação de cascas e estruturas de sustentação de corais, ostras e mexilhões. A quantidade de plâncton irá aumentar com o aquecimento da água. O plâncton é fonte de alimentos para grande parte da cadeia, mas mesmo assim, o número de animais não conseguirá aumentar com a abundância de alimentos.

“Há mais comida para os pequenos herbívoros, como os peixes, caracóis do mar e camarões, mas com a interferência nas taxas de metabolismo o crescimento desses animais está diminuindo. Como há menos presas disponíveis, ou seja, menos oportunidades para os carnívoros, há um efeito cascata na cadeia alimentar”, afirmou Ivan Nagelkerken, professor associado da Universidade de Adelaide ao site Business Insider.

O homem também interfere no processo

Os pesquisadores apontam que esses dados afetam os oceanos de todo o mundo e que atividades humanas como a sobrepesca impedem que os ciclos de vida dos animais se completem e possibilitem uma mínima adaptação das espécies às mudanças climáticas. A pesquisa também alerta para um fenômeno de branqueamento dos recifes de coral. Já é a terceira vez que esse fenômeno é flagrado.

Desde 2014, uma enorme onda de calor debaixo d’água, impulsionada pela mudança climática, tem causado a perda do brilho e morte de corais em todos os oceanos. Até o final deste ano 38% dos recifes do mundo terá sido afetados. Cerca de 5% terão morrido. Os recifes de corais são responsáveis pela nutrição de 25% das espécies marinhas do mundo.

A região da grande barreira de corais da Austrália já perdeu metade de sua cobertura de coral ao longo dos últimos 30 anos. A tendência é que eles diminuam maciçamente até 2050 se a emissões de gases do efeito estufa não diminuírem em breve.

Problemas na cadeia alimentar dos oceanos será uma preocupação direta para centenas de milhões de pessoas que dependem de frutos do mar para o seu sustento, medicamentos e renda. A perda dos recifes de coral também poderá agravar a erosão costeira devido ao seu papel na proteção de linhas costeiras contra tempestades e ciclones.

Nagelkerken aponta que somente com a diminuição da poluição será possível dar uma chance para que as espécies se adaptem e possam se desenvolver novamente. Caso isso não ocorra em breve, os oceanos caminham para um grande colapso.