Coleta Seletiva
Foto: The Undergraduate

Um dos grandes problemas da reciclagem de lixo é a dificuldade enfrentada pelos cidadãos em descartar o material corretamente. Um estudo encomendado pelo WWF-Brasil apontou que 64% da população brasileira não é atendida pela coleta seletiva e 1% não sabe o que é isso.

De acordo com a pesquisa, 85% das pessoas não atendidas pela coleta estão dispostas a separar corretamente o seu lixo doméstico se essa realidade mudar ou se tiverem pontos de entrega voluntária.

O problema está, justamente, em encontrar alternativas viáveis e efetivas para reciclar, uma vez que, de acordo com o IBGE, apenas 40% do lixo separado dentro de casa é coletado seletivamente. Além disso, 65% dos entrevistados são contra a cobrança da taxa do lixo.

Entre esta parcela da população que é atendida pela coleta seletiva, apenas metade tem o serviço prestado pela prefeitura. A outra parte é atendida informalmente por catadores de rua, cooperativas ou associações ou, ainda, entregam o lixo em postos de coleta.

E quem perde com a defasagem no sistema de coleta seletiva é o próprio país. O Brasil deixa de faturar cerca de R$ 8 bilhões por ano com a perda de material reciclável, segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), a serviço do Ministério do Meio Ambiente.

Curitiba Cidade Modelo de Reciclagem

Uma das alternativas mais efetivas para incentivar a população a se comprometer com a separação do material reciclável é através de campanhas de conscientização. Só em Curitiba a coleta desses materiais aumentou 192 % nos últimos cinco anos graças ao programa “Lixo que não é lixo”, implantado pelo então prefeito, o Arquiteto e Urbanista Jaime Lerner.

SE-PA-RE
Foto: Luiz Costa/SMCS

Em 2009, o programa “Lixo que Não é Lixo” foi o responsável pelas 22.419 toneladas de lixo recicláveis recolhidos na cidade. Isso tudo, graças à iniciativa da prefeitura de realizar a coleta seletiva de porta em porta, em 100 % do território da cidade, de uma a três vezes por semana. Porém, foi o comprometimento dos cidadãos que garantiu o sucesso do programa.

A coleta seletiva melhorou ainda mais em Curitiba com a campanha SE-PA-RE, realizada na primeira metade de 2006, e que está até hoje estampada nos ônibus e estabelecimentos da cidade, lembrando os curitibanos de sua responsabilidade na destinação correta dos resíduos.

Outra campanha ativa que gera resultados é o Câmbio Verde, que faz a troca de lixo reciclável por hortifrutigranjeiros nas áreas periféricas da cidade. Para ampliar os efeitos, a prefeitura ainda estendeu o programa a outros 90 locais, incluindo a participação de cerca de 7 mil pessoas. O resultado é a coleta de, aproximadamente, 310 toneladas de resíduos por mês e a entrega de 77,5 mil quilos de alimentos.

Descarte de óleo
Foto: fdmount

A coleta de óleo de cozinha usado também foi efetiva na cidade. Lançado em 2007 pela Secretaria Municipal do Meio Ambiente, o serviço é oferecido nos 24 terminais de ônibus, junto com a coleta de resíduos especiais, e no Câmbio Verde. No total, são recebidos 18,5 mil litros de óleo por ano.

Além de impedir que o material reaproveitável seja descartado incorretamente, bem como o óleo, o objetivo da prefeitura também é beneficiar as famílias cadastradas no Câmbio Verde.

Todo material é encaminhado à Usina de Valorização de Rejeitos, administrada e mantida pelo Instituto Pró-Cidadania de Curitiba. Depois de separado por tipo, os materiais são vendidos para indústrias que transformam o lixo em matéria-prima e novos produtos. A renda é revertida para ações sociais.

As atitudes da prefeitura de Curitiba são um exemplo de como a população pode ser incentivada pelo governo. A educação cidadã é fonte de um modelo de gestão que valoriza a cidade.