Foto: Divulgação/CRUSTA O estudo sobre as mutações dos caranguejos-uçá foi realizado pela Unesp.

Uma pesquisa realizada pelo Crusta (Grupo de Pesquisa em Biologia de Crustáceos) da Unesp de São Vicente (Universidade Estadual Paulista) revelou que a poluição tem afetado a vida dos caranguejos-uçá, espécie que vive nos manguezais das cidades litorâneas de São Paulo.

De acordo com o estudo, os metais pesados encontrados em cinco cidades da região – provenientes do Polo Industrial de Cubatão, do Porto de Santos e dos lixões instalados nas redondezas –, são os principais responsáveis pelas más formações encontradas nos animais recém nascidos.

Para chegar aos resultados, a pesquisa analisou 18 subáreas de manguezal em seis áreas, abrangendo Bertioga, Cubatão, São Vicente, Peruíbe, Iguape e Cananeia. Para compor o estudo, ainda coletaram amostras de água, folhas da planta mangue-vermelho, sedimentos e partes dos tecidos, vísceras e carne dos caranguejos. Quase 300 animais foram avaliados.

Foto: Divulgação/CRUSTA

No total, quatro metais pesados foram encontrados nos materiais coletados, dentre os quais estavam cádmio, cobre, chumbo e mercúrio. Todos eles em quantidades acima do nível permitido por lei.

A preocupação, no entanto, vai além, já que o caranguejo-uçá é um dos alimentos mais procurados da região. Os pescadores e consumidores acreditam que essas espécies “mutantes” são geralmente as mais “suculentas”. Mal sabem que o consumo desse crustáceo coloca em risco a saúde e pode causar maior incidência de câncer, malformações e problemas neurológicos.

De onde vem os poluentes?

A pesquisa aponta que em Iguape as fontes de metais pesados são os resíduos de mineração do Rio Ribeira de Iguape. Já em São Vicente, os responsáveis são os lixões, como o famoso Sambaiatuba, que apesar de desativado deve continuar emitindo metais pesados por até 25 anos.  Em Santos, a culpa é atribuída ao Porto, que recebe diariamente materiais e cargas pesadas.

Além disso, a poluição e o descarte incorreto de resíduos pela população também foram consideradas responsáveis pela mutação. Isso porque, em uma das espécies analisadas apareceu uma mão, semelhante a mão humana.