Seringueiras
Seringueiras. Foto: ciflorestas

Genuinamente brasileira, a Seringueira (Hevea brasiliensis) foi um dos principais produtos da economia nacional entre 1870 e 1920, quando era responsável por 25% das exportações do Brasil, perdendo apenas para o café. É da Seringueira que se extrai o látex – líquido branco com o qual é possível produzir borracha natural – um produto que deixou de ser exclusivo do Brasil quando sementes contrabandeadas permitiram a outros países explorarem a espécie. Também chamada de Seringa e de Cauchu, a árvore já era conhecida dos índios muito antes do descobrimento do Brasil; pudera, na Amazônia há pelo menos 11 espécies diferentes de seringueira.

Foi quando Charles Goodyear descobriu a vulcanização (fusão do látex com enxofre por meio do fogo) que a borracha natural se destacou como matéria-prima para pneus de carros e solas de sapatos, por exemplo. Nesta época, o Brasil se tornou o maior exportador de látex do mundo e a seringueira, o mais importante recurso natural do país. Foi um momento de crescimento econômico no norte brasileiro que culminou expansão de cidades e a abertura econômica na região.

A seringueira perdeu importância econômica nacional quando o botânico inglês Henry Wickman levou sementes de seringueira para serem cultivadas na Ásia e Malásia. Anos depois, extensas florestas de seringueiras eram exploradas fora do Brasil, diminuindo em muito as exportações.

Com o extrativismo de látex em declínio, muitos fazendeiros foram à falência e venderam suas propriedades a baixo custo, levando ao endividamento dos cofres públicos. Por volta de 1945, a extração de seringa retraiu ainda mais com o início da produção sintética de borracha, mas é uma atividade que nunca se extinguiu.

Os seringais hoje

A extração de látex e a exploração da árvore seringueira continuam sendo importantes fontes de renda para milhares de famílias, principalmente no norte do Brasil. A seringa é matéria-prima para mais de 30 mil itens, que vão de tinta até medicamentos, no entanto, a fabricação de borracha é o principal uso do látex e, em 2012, o Brasil produziu apenas 1,5% da borracha natural extraída em todo o globo, afirma o Instituto Agronômico de Campinas (IAC).

Seringueira
Foto: ciflorestas

Estimativas do International Rubber Study Group (IRSG) sugerem que o Brasil tenha importado 215 mil toneladas de látex para suprir a demanda do mercado em 2012. Para o IAC, a falta de borracha natural no país, berço da seringueira, é um descaso. “Para um país que possui, em relação aos demais países produtores, área incomparavelmente maior, apta para o plantio de seringueira, o déficit de produção significa, no mínimo, descaso para um produto estratégico de tão alto valor econômico-social”, afirma o instituto no relatório do Programa Seringueira.