© Depositphotos.com / red-feniks Relatório aponta que as populações mais pobres serão as mais atingidas.

Quem nunca escutou falar nos últimos tempos sobre as mudanças climáticas? Esse tema está sendo bastante discutido por chefes de Estado e de governo, ministros e diplomadas, além da população que vem aos poucos tentando acrescentar hábitos mais sustentáveis ao seu dia a dia. Mas será que isso é suficiente?

Durante a Conferência do Clima das Nações Unidas (COP22), o Greenpeace lançou um estudo batizado de “E agora José? – O Brasil em tempos de mudanças climáticas”, que vem alertar ainda mais todas as pessoas sobre esse grave problema que está impactando diversos setores e todas as regiões do Brasil. Porém, as populações mais afetadas por essas mudanças são as mais humildes, tanto por questões econômicas, quando sociais.

“Este relatório mostra que o tema das mudanças climáticas não se resume a um debate entre diplomatas, cientistas e ambientalistas que se reúnem em conferências da ONU. É uma questão presente no dia a dia das pessoas e que pode trazer fortes impactos negativos, afetando a conta de luz no final do mês e influenciando no preço dos alimentos”, explicou Márcio Astrini, coordenador de Políticas Públicas do Greenpeace Brasil. “Os prejuízos de um planeta mais quente serão grandes. No Brasil, quem vai pagar a maior parte desta fatura será a população mais pobre”, completou.

Greenpeace recorreu a estudos feitos ao longo de oito anos

© Depositphotos.com / stoonn Impactos serão grandes na agricultura e saúde.

O relatório para chegar a essas conclusões teve como base 46 estudos publicados entre os anos de 2008 e 2016 sobre o assunto aqui no Brasil, e trouxe pela primeira vez um resumo desses conhecimentos a partir dos efeitos observados ou esperados para o país, conforme o aumento nas temperaturas médias no planeta que vem em uma considerável crescente.

Temas como agricultura, desastres naturais, geração de energia, saúde e migração foram abordados, mostrado que o excesso de gases de efeito estufa na atmosfera poderá trazer muitos danos e modificará por completo a nossa forma de viver. Uma das estimativas é a perda das áreas de produtividade e com essa diminuição dos espaços destinados à agricultura e às pastagens, os preços vão aumentar, ficando 25% mais altos.

Astrini ressalta: “Como apenas 5% das nossas áreas agrícolas são irrigadas, dependemos muito do calendário do regime de chuvas. Se as temperaturas estiverem muito altas ou muito baixas, plantas e animais podem sofrer com estresse fisiológico.”

Outro grave problema do aumento das temperaturas, caso durante esse século elas subam 4℃, quase todo o território brasileiro será mais suscetível à proliferação de doenças e problemas de saúde relacionados ao calor, apresentando sintomas como náuseas e vertigem e, nos casos mais graves, insolação e ataques cardíacos. Além de aumentar ainda mais a disseminação do Aedes aegypti – mosquito vetor de doenças como dengue, chikungunya e zika, em estados como Mato Grosso do Sul, São Paulo e Minas Gerais. É estimado que, até 2050, 20 milhões de pessoas vivam em uma região desértica, o que é bem preocupante.

Estudo aponta soluções

Diante desse cenário alarmante, é de extrema importância que o Brasil implemente ações para reduzir as emissões. Por isso, para atenuar essas mudanças climáticas, começou a valer o documento selado durante o Acordo de Paris.

O país se comprometeu a cortar 37% das emissões de gases de efeito estufa do país até 2025, restaurar 15 milhões de hectares de pastagens degradadas, reflorestar 12 milhões de hectares e acabar com o desmatamento ilegal da Amazônia até 2030. Entretanto, para o Greenpeace, essas metas não são suficientes para acabar com o problema e o aumento dos desastres ambientais.

Segundo Astrini, a solução seria acabar com o desmatamento e investir em fontes de energia renovável como solar, eólica e biomassa, o que ajudaria o país a combater o aquecimento global e, ao mesmo tempo, tornaria o país mais resistente às mudanças climáticas.

Para ver o relatório completo clique aqui.