Desertificação
Foto: globetrotter1937

A desertificação é um fenômeno lento de degradação do solo que inviabiliza o seu potencial produtivo ou a fertilidade das áreas afetadas. Cerca de 100 países possuem áreas desérticas ou que estão em processo de desertificação em função do clima e do mau uso dos recursos naturais explorados indevidamente pelo homem. Agravando-se com as mudanças climáticas observadas nas últimas décadas.

Como se trata de um processo lento, a desertificação demorou a despertar o interesse da comunidade científica mundial, que passou a vê-la como um problema grave somente quando alguns estados dos Estados Unidos – Oklahoma, Kansas, Novo México e Colorado – perderam grande parte de suas áreas cultiváveis.

Consequências da Desertificação

No final da década de 1960, na região denominada Sahel, localizada na porção sul do deserto do Saara, no continente Africano, milhares de famílias perderam suas casas e plantações devido a um período extremo de seca, que aliado ao uso inadequado do solo causou a morte de cerca de 1,5 milhão de pessoas, deixando 3 milhões de desabrigados necessitando de auxílio internacional para suprir a falta de alimento.

Sahel
Foto: oxfam

Após o incidente países se reunirão na capital do Quênia para a primeira Conferência Internacional das Nações Unidas visando solucionar os problemas causados pela desertificação, dando origem ao Plano de Ação de Combate á Desertificação – PACD.

Dentre as ações previstas estava o projeto de um “cinturão verde” que se estenderia longitudinalmente por todo o Saara a fim de conter a movimentação das dunas de areia. Atualmente o deserto do Saara se apropria de quase um metro de solo arável diariamente, causando a migração de famílias e comunidades inteiras.

Entre as consequências geradas pela desertificação podemos citar:

● Perda da capacidade fértil do solo reduzindo as áreas cultiváveis do planeta;

● Redução da capacidade agropecuária nos solos afetados;

● Escassez de recursos hídricos (rios, açudes, lagos, etc.);

● Chuvas concentradas em determinados períodos causando inundações;

● Formação de dunas de areia que se movem com o vento;

● Destruição do ecossistema nativo (fauna e flora).

Além dos impactos socioeconômicos e políticos: desnutrição, fome, migrações e imigrações forçadas, aumento da pobreza, doenças, instabilidade política, guerras, crises, etc. Derivados direta ou indiretamente dos fenômenos de desertificação.

Causas da Desertificação

Mas afinal, quais são os fatores que promovem a desertificação no mundo? E qual a influência dos seres humanos neste fenômeno?

Queimadas
Foto: leoffreitas

Os desertos e as áreas propensas à desertificação se encontram em regiões com ecossistemas frágeis sujeitos a variações climáticas bruscas como as secas prolongadas e, em alguns casos chuvas intensas em determinados períodos do ano. Regiões de clima árido, semiárido e subúmido seco que fornecem o cenário ideal para a formação dos desertos agravando-se sob influência humana.

Ao utilizar técnicas inapropriadas de cultivo como a monocultura de espécies, o desvio de canais para a irrigação, o uso de agrotóxicos, queimadas e o desmatamento da flora local em áreas ambientalmente frágeis, sujeitas as variações climáticas citadas, o homem causa a degradação do solo, retirando nutrientes essenciais e inviabilizando ou reduzindo a sua capacidade produtiva. O solo exposto aos longos períodos de seca morre transformando a paisagem em um longo campo deserto.

Os demais setores econômicos também contribuem para o surgimento dos desertos. Toda poluição gerada pela sociedade a partir da emissão de gases de efeito estufa contribuem para o aumento da temperatura média do planeta, causando o aquecimento global que por sua vez influi no clima, prolongando os períodos de seca em determinadas regiões. O fenômeno climático El Ninõ é um exemplo destas mudanças climáticas descritas.

Soluções para o Processo de Desertificação

Projeto Dune
Foto: Islamic Arts Magazine

Mesmo com um cenário desfavorável é possível evitar, controlar e reverter os processos de desertificação através de políticas públicas, parcerias público-privadas e engajamento social de todos.

Para evitar a desertificação é preciso investir em preservação ambiental, utilizar técnicas agrícolas sustentáveis, promover a educação ambiental e diminuir as emissões de gases poluentes. Já as áreas afetadas pela desertificação demandam soluções criativas como o projeto do arquiteto Magnus Larsson para combater a desertificação no Saara.

Desertificação no Brasil

Desertificação no Brasil
Sêrro (MG) – Foto: carlinhabatista

O Brasil, país de proporções continentais, possui inúmeras tipologias climáticas, algumas regiões são caracterizadas pelo clima árido e subsúmido seco, locais de secas prolongadas e precipitações concentradas favorecendo o processo de desertificação.

Desde a ocupação colonial, parte desta área fragilizada é explorada indevidamente para práticas agrícolas insustentáveis, causando a degeneração do solo, perda da cobertura vegetal nativa e escassez de recursos hídricos que deram início a desertificação no Brasil.

Os estados brasileiros que mais sofrem com este fenômeno são:

● Bahia, onde aproximadamente 10% do território está desertificado;

● Pernambuco apresentando 25% do estado com um solo altamente seco e infértil;

● Piauí com 1241 km² em processo de desertificação;

● Sergipe onde 223 km² de terra estão se tornando inférteis;

● Rio Grande do Norte que apresenta 40% de áreas desertificadas;

● No Ceará, cerca de 1.451 km² já viraram desertos;

● Paraíba onde quase metade do estado sofre desertificação;

● Minas Gerais conta com 12.862 km² em estado de desertificação;

● São Paulo onde 70% das áreas destinadas à agricultura são improdutivas.

Outras regiões como a Amazônia, que sofre muito com o desmatamento, o Paraná, Rondônia, o Mato Grosso e o Rio Grande do Sul, também são regiões propícias caso não haja engajamento público no combate a desertificação brasileira.