WOUTER PATTYN, HOLLANDSE HOOGTE/REDUX Cabra italiana.

A mudança de temperatura causa cada vez mais problemas para o meio ambiente do planeta. O derretimento das calotas polares, o aumento do nível do mar e, consequentemente, a perda de cidades costeiras no futuro assusta e deve ser monitorada. Porém, um novo estudo mostrou que o aquecimento global está afetando o mundo animal de maneira mais incisiva do que imaginávamos.

Publicada na revista Frontiers in Zoology, uma pesquisa da Universidade de Durham, no Reino Unido, revelou que indivíduos jovens da cabra-montesa estão pesando 25% menos que são antepassados dos anos 80. Ao mesmo tempo, as temperaturas onde as cabras vivem, nos Alpes Italianos, subiram de 3° a 4° Celsius.

Estudos anteriores já mostraram influência da temperatura no tamanho de animais, mas nesses casos a diminuição da massa corporal acontecia pela mudança na disponibilidade de comida. Porém, o trabalho da Universidade de Durham mostrou que as mudanças climáticas podem estar afetando diretamente o comportamento ou a fisiologia da cabra-montesa, limitando sua capacidade de adquirir recursos.

Para não aumentar muito a temperatura corporal, as cabras não procuram alimentos durante as partes mais quentes do dia. O mesmo acontece quando a temperatura permanece alta o dia inteiro. Se o animal come menos durante o período de crescimento, ele não atinge a mesma massa corporal que os que viveram em épocas passadas.

“O aumento das temperaturas diárias durante a primavera e o verão pode ter levado as cabras-montesas a gastarem mais tempo descansando e menos comendo, reduzindo sua capacidade de armazenar reservas de energia para o crescimento”, afirma o relatório.

Cabras mais leves não superaquecem tão facilmente, mas podem ser mais suscetíveis a congelar até a morte em invernos rigorosos. O saldo dos efeitos da diminuição da massa corporal da espécie, oriunda dos Alpes Italianos, depende dos invernos aquecerem tanto quanto os verões em seu habitat natural.