© Depositphotos.com / potowizard A Educação Ambiental precisa ir além da preservação de espaços.

A sustentabilidade ambiental tem como foco principal a atenção no planejamento, atividades e política de desenvolvimento e nas formas de trabalho, nos quais a Educação Ambiental (EA) tem um papel importante devido às mudanças que estes projetos promovem e suas implicações sociais e ambientais. A Educação Ambiental não pode ficar limitada a um determinado interesse pela conservação dos espaços naturais e espaços protegidos, mas deve ser entendida numa perspectiva mais ampla, que promove mudanças pessoais e coletivas na busca de uma sociedade sustentável e solidária.

Deve incentivar para isso a formação, a capacitação, a tomada de consciência sobre estes problemas, a mudança de valores e atitudes, a participação cidadã na tomada de decisões e a promoção de valores positivos.

A Educação Ambiental, portanto, deve ser entendida, a partir da perspectiva local, como um caminho para a gestão sustentável dos municípios, sendo um eixo transversal a ser considerado na concepção de políticas que atenderão às necessidades econômicas, sociais e ambientais, respeitando ao mesmo tempo a integridade cultural e os processos ecológicos essenciais, a biodiversidade e os sistemas que sustentam a vida.

A importância da Educação Ambiental para as cidades

O papel das organizações locais, sejam elas públicas, privadas ou organizações não governamentais, na definição e no funcionamento da Educação Ambiental é fundamental, pois os municípios não detêm o monopólio da informação nesta área e muitas vezes não têm os recursos tecnológicos e conhecimentos necessários para enfrentar determinados problemas ambientais. Por outro lado, as entidades locais são as que melhor conhecem o território onde atuam e conhecem as necessidades das pessoas que o habitam.

Do ponto de vista das administrações públicas municipais a Educação Ambiental deve ser considerada como um eixo transversal do conjunto de políticas públicas para a melhoria da qualidade de vida de seus habitantes. Não tem sentido isolá-la numa secretaria específica, quer seja de educação, quer seja do meio ambiente. As secretarias do meio ambiente, quando existirem, podem servir de polo articulador das práticas de EA nos diversos setores da estrutura municipal.

A Educação Ambiental permitirá abrir novas perspectivas de trabalho em diversos âmbitos do município, tais como: a proteção do patrimônio, criando uma consciência social sobre os problemas da deterioração do meio ambiente, tanto nos bens culturais como nos naturais, bem como a geração de novos conhecimentos, novas técnicas e novas orientações para a formação profissional, abrindo novas perspectivas aos jovens.

A formação ambiental deve ocorrer tanto em âmbitos formais (currículos da educação básica e média) quanto nos âmbitos informais, com a incorporação da questão ambiental no cotidiano e como política de Estado, privilegiando os processos globais, articulados com os temas locais, gerando abordagens inovadoras dos problemas e conflitos ambientais.

Novos olhares sobre o papel da Educação Ambiental

A Educação Ambiental tem um caráter estratégico no processo para o Desenvolvimento Sustentável. A educação é, ao mesmo tempo, produto social e instrumento de transformação da sociedade onde está inserida. Ou seja, os sistemas educativos são, ao mesmo tempo, agentes e resultado dos processos de mudança social. Acontece que se o restante dos agentes sociais não atua na direção da mudança, é pouco provável que o sistema educacional transforme a complexa rede na qual se estabelecem as estruturas socioeconômicas, as relações de produção e troca, os padrões de consumo e, em síntese, o modelo de desenvolvimento estabelecido.

Isso envolve incluir os programas de educação ambiental no planejamento e nas políticas gerais e a efetiva participação da sociedade em sua elaboração. Muitas vezes se cai na tentação de realizar ações atraentes, de repercussão pública e mobilizações pontuais, que não comprometem muito, nem questionam a gestão pública que se executa. A EA deve estar integrada com a gestão, e não ser utilizada como justificativa diante de suas possíveis deficiências.

A questão que se apresenta é de uma mudança na cultura estabelecida e isto somente poderá ocorrer com a educação ambiental tendo uma função estratégica nas administrações municipais.

Artigo anteriorInscrições para o Benchmarking Brasil terminam dia 31 de março
Próximo artigoEmpresa curitibana produz móveis exclusivos com cordas ecológicas
Doutor em Ciências Sociais e Mestre em Ciência Política pela UNICAMP. É especialista com pós-graduação em Ciências Ambientais pela USF. Foi professor e coordenador de curso em várias instituições de ensino, entre as quais: Mackenzie/SP, USF/SP, UNIP/SP, UNA/MG. Tem experiência na área de Sociologia, com ênfase em Teoria Sociológica, atuando principalmente nos seguintes temas: Administração, sustentabilidade, política pública, responsabilidade social, gestão ambiental, turismo. Recebeu em 2015 certificado de Menção Honrosa em reconhecimento à excelência da produção científica pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Tem inúmeros livros publicados em sua área de atuação pelas Editoras Atlas, Pearson e Saraiva entre outras.