foto de homem segurando vacina da febre amarela
A forma mais efetiva de garantir a proteção do individuo contra a febre amarela é por meio da vacinação.
foto de homem segurando vacina da febre amarela
A forma mais efetiva de garantir a proteção do individuo contra a febre amarela é por meio da vacinação.

Poucos assuntos têm tomado tanto espaço na mídia e atraído a atenção da população brasileira como a febre amarela, especialmente nessas primeiras quatro semanas do ano. É verdade que a doença teve seus primeiros casos registrados ainda no segundo trimestre de 2017, tendo como principais vítimas famílias de macacos residentes de parques e zoológicos.

Com o tempo, o número de registros aumentou consideravelmente em espécies animais e, em dezembro, os primeiros casos com vítimas humanas foram confirmados pelas autoridades. Assim, o que antes era uma preocupação para habitantes de regiões consideradas de alto risco (áreas próximas a riachos e matas) se tornou um alerta para todos os brasileiros, que viram a febre amarela alcançar o posto de surto.

Com semelhante modo ao cenário enfrentado pelo País com a dengue e a chikungunya em 2016, a população entrou em estado de choque a cada nova notícia sobre a doença. Como era de se esperar, a febre amarela assustou a população a ponto de fazer com que muitas pessoas se dirigissem a postos de saúde para se prevenir contra a doença — provocando até confusão pela falta de estrutura das unidades para receber tanta gente de uma vez.

Agora, com o país em pânico por conta do problema, as autoridades têm trabalhado para tentar acalmar a todos e explicar exatamente o que é e o que tem de verdade e mito sobre a febre amarela. Em São Paulo, estado com maior número de registros da doença, a Prefeitura está organizando campanhas e mutirões para vacinar aqueles que ainda não tiveram acesso à dose de imunidade.

Como se prevenir contra os riscos da febre amarela?

A única forma efetiva de garantir proteção contra o vírus da doença é a vacinação, que nos últimos dias teve sua dose racionada para suprir a busca pela medicação. Além disso, é importante saber que alguns outros detalhes podem ajudar a manter os mosquitos transmissores (Haemagogus e Aedes Aegypti) da doença longe de casa e de outros ambientes de convívio.

Assim como acontece contra a dengue, os cuidados contra o Aedes Aegypti (evitar pontos com água parada, tela de proteção em janelas, limpeza de calha e objetos de guardados no quintal) são altamente aconselhados para os cidadãos, além da recomendação para uso regular de repelentes e outros protetores de pele. Nessas condições, é possível evitar o foco e proliferação do transmissor.

A vacina, por sua vez, deve ser tomada por pessoas que não se enquadrem nas seguintes situações:

  • Bebês com menos de nove meses de idade;
  • Idosos com idade superior a 60 anos (neste caso, o indivíduo deve consultar o médico para avaliação);
  • Mulheres em fase de amamentação de bebês com menos de seis meses de idade;
  • Pessoas com alergia a ovo e derivados;
  • Pessoas em tratamento quimioterápico/radioterápico;
  • Portadores de doenças autoimunes.

Sobretudo para àqueles que planejam viagens para áreas rurais (chácaras, sítios, florestas, cachoeiras etc.) ou até mesmo para outros países, o Ministério da Saúde indica que o médico seja consultado para confirmar a necessidade (ou não) da vacina.

Bióloga alerta para possível relação entre febre amarela e tragédia de Mariana

Em Minas Gerais, estado que registrou o maior número de mortes de pessoas com a doença, o aumento de casos suspeitos da febre amarelo ganhou um novo personagem nestes últimos dias. De acordo com análise feita pela bióloga Márcia Chame, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), existe uma chance real de que o surto nas cidades mineiras estar relacionado com o desastre de Mariana.

Para explicar a possível ligação, a pesquisadora cita que “mudanças bruscas no ambiente provocam impacto na saúde dos animais, incluindo macacos. Com o estresse de desastres, com a falta de alimentos, eles se tornam mais suscetíveis a doenças, incluindo a febre amarela”, em entrevista cedida para o Estadão.

Para corroborar com a tese, vale lembrar que, além dos casos no estado de Minas, a região de Colatina, no Espírito Santo, que também sofreu com as consequências do deslizamento da barragem da Samarco, diagnosticou a morte de macacos nas últimas semanas (ainda que não tenham sido confirmadas como decorrentes da febre amarela).

Márcia alerta para o perigo da degradação ambiental como possível influência para surtos como este de agora, falando que “ambientes naturais estão sendo destruídos. No passado, o ciclo de febre amarela era mantido na floresta. Com a degradação do meio ambiente, animais acabam também ficando mais próximos do homem, aumentando os riscos de contaminação”.

Situação atual

É importante esclarecer os números para entender o real panorama do problema, a começar pelos números: um dado publicado pelo Ministério da Saúde nesta terça-feira, dia 23 de janeiro, revelou que o número de mortes causados pela febre amarela mais que dobrou em relação ao levantamento do dia 14 do mesmo mês. Do começo de julho de 2017 até o 14º dia deste ano, 20 mortes foram confirmadas. Passados nove dias, este número subiu para 53.

Ainda assim, o órgão destaca que o número de óbitos é bem inferior aos registros de outras épocas, como o do período entre julho de 2016 e 23 de janeiro de 2017 (quando a doença provocou 131 vítimas fatais).

Conforme orientação da Organização Mundial da Saúde (OMS), os Estados de São Paulo e Rio de Janeiro começaram a promover campanhas de vacinação e anteciparam ações de prevenção contra a doença. Já em Minas, que confirmou o óbito de 25 pessoas desde de dezembro, a Secretaria de Saúde afirma que 82% da população está dentro da cobertura vacinal.

Ainda que o decreto de estado de emergência esteja em exercício, a expectativa das autoridades é de que a incidência da febre amarela diminua dentro das próximas oito semanas (período até o término do verão).

Imagem: Teka77 / iStock / Getty Images Plus